Museu Vieira da Silva celebra este domingo 25 anos com entradas gratuitas

O quarto de século da instituição começou a ser celebrado oficialmente em Março, com três exposições. Neste momento tem patente Manuel Baptista - Sombras e outras cores.

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O Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva foi inaugurado em 1994 e apresenta regularmente exposições com a obra do casal Arpad Szenes - Maria Helena Vieira da Silva ou de artistas com os quais mantiveram relações de amizade DARIO CRUZ/ARQUIVO

O Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, que reúne obras do casal de artistas, vai celebrar este domingo 25 anos de actividade com entradas gratuitas, anunciou a direcção. O museu tem vindo a festejar a efeméride ao longo do ano, tendo aberto as celebrações em Março com três exposições, a mais importante das quais intitulada A metade do céu, concebida pelo artista plástico Pedro Cabrita Reis, com obras de 60 artistas portuguesas de várias gerações e períodos da História da Arte. Neste momento tem patente Manuel Baptista - Sombras e outras cores, um conjunto de “momentos-chave” de mais de 40 anos do percurso do artista, numa mostra com curadoria de João Pinharanda, que ficará patente até 26 de Janeiro de 2020.

O Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva foi inaugurado em 3 de Novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal Arpad Szenes - Maria Helena Vieira da Silva, ou de artistas com os quais mantiveram relações de amizade. Sobre o acontecimento mais marcante nos últimos cinco anos da instituição, a directora indicou à agência Lusa a aquisição, pelo Estado, em 2017, de seis obras emblemáticas da pintora portuguesa. “Fizemos várias exposições importantes, mas sem dúvida que a aquisição destas obras, aguardada há tantos anos, foi o acontecimento mais marcante dos últimos anos”, sublinhou.

Depois de vários anos de negociações com os proprietários privados, herdeiros do coleccionador Jorge de Brito, o Governo acabaria por comprar, através da Direcção-Geral do Património Cultural, as seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva pelo valor global de 5,5 milhões de euros, exercendo o direito que detinha. As seis pinturas em causa — Novembre (1958), La Mer (1961), Au fur et à mesure (1965), L'Esplanade (1967), New Amsterdam I e New Amsterdam II (1970) — encontram-se agora depositadas no Museu Arpad Szènes - Vieira da Silva.

Relativamente às exposições mais importantes realizadas no museu nos últimos cinco anos, Marina Bairrão Ruivo destacou à Lusa Artistas portugueses. Obras da colecção particular de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, em 2013-2014, Escrita íntima. Cartas e desenhos, em 2014, com as cartas trocadas por Vieira da Silva, e Sonnabend-Paris-Nova Iorque. Os primeiros cinco anos da galeria Sonnabend em Paris, em 2015.

Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de Maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas.

Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad Szenes, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do governo da ditadura, António de Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia. Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados de 1940 a 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.

A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação do actual museu e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projecto na área da investigação. A colecção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.

Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de actividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.