Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro com mais de 100 obras em exposição
Edição deste ano assinala os 30 anos do evento. Além da mostra principal, com as obras que se apresentaram a concurso, o programa aposta ainda nas exposições de Alberto Vieira, Virgínia Fróis, Enric Mestre e Karen Gunderman.
O ceramista e escultor Alberto Vieira fala da história e do crescimento da Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro, cuja 14.ª edição arranca este sábado, com grande conhecimento de causa. Desde a primeira edição que participa no evento e já levou vários prémios para casa. Em 2017, conquistou mesmo o primeiro prémio e, por isso, é um dos artistas convidados a expor individualmente na edição deste ano – a sua mostra, intitulada Ângulo Morto, está patente no Museu da Cidade. Alberto Vieira não tem dúvidas de que a bienal aveirense está já ao nível de algumas das suas congéneres europeias, pela qualidade dos trabalhos artísticos que se apresentam a concurso e pela envergadura do evento. E deixa uma sugestão: ao fim de 30 anos de Bienal de Cerâmica Artística está na altura de Aveiro ter um museu da cerâmica.
“Com tantas edições e peças premiadas, seria interessante se a câmara municipal de Aveiro criasse um museu de cerâmica”, propõe, recordando que “as peças vão ficando guardadas ou espalhadas pelos museus da cidade”. “Uma bienal com esta importância, história e prestígio nacional e internacional já justifica e tem espólio suficiente para fazer um museu fantástico”, realçou o ceramista que diz ter “crescido artisticamente” com a própria bienal – a primeira edição aconteceu em 1989.
Originário de Braga, Alberto Vieira preparou para a bienal de Aveiro uma exposição que se estende para além do espaço interior do museu. Na fachada, é apresentada uma instalação artística “com peixes que ‘saltam’ da ria e invadem o edifício, tanto no interior, como no exterior”, desvendou, a propósito da mostra que pretende alertar consciências. “A narrativa da exposição evolui depois nesse sentido: as coisas não terem visibilidade ao ponto de haver uma consciência humana capaz de alterar tudo”, referiu, explicando, assim, o título da mostra: “O ângulo morto é o ângulo a partir do qual não se consegue ver”. “Incomoda-me haver gente que vive mal, que não tem trabalho”, frisou.
Bienal prolonga-se por vários espaços da cidade
A mostra de Alberto Vieira é apenas uma das exposições que compõem o programa do evento que se estende ao longo de todo o mês de Novembro. Tendo epicentro no Museu de Santa Joana – onde estão expostas as 83 obras seleccionadas para a final do concurso (escolhidas entre um total de 245 candidaturas) -, o evento estende-se por outros museus e galerias da cidade. A portuguesa Virgínia Fróis, o espanhol Enric Mestre e a americana Karen Gunderman – igualmente artistas convidados para a edição deste ano - apresentam os seus trabalhos na Praça Marquês de Pombal, Galeria da Antiga Capitania e Museu Arte Nova, respectivamente. Para além destas exposições, o programa compreende, ainda, workshops e ateliers, programas para as famílias, conferências, debates e visitas guiadas.
Uma das propostas que volta a ser lançada ao público prende-se com os Open Days – Circuitos Turísticos Industriais, com visita a unidades fabris que produzem louça decorativa e utilitária (actividade sujeita a inscrição prévia através do e-mail bienalceramica@cm-aveiro.pt).
Obras oriundas de vários continentes e países
Segundo anunciou o gabinete do presidente da autarquia, estão representados na Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro artistas de 25 nacionalidades diferentes, que abrangem os continentes da Europa, América e Ásia e países como Taiwan, Estados Unidos da América, Perú, Japão, Itália, França, Alemanha, Inglaterra, para além de Portugal, numa exposição que contará com mais de 107 obras em exposição, fazendo desta edição da bienal a mais internacional de sempre.
Na edição deste ano, o júri foi presidido pelo norueguês Torbjørn Kvasbø, um dos mais premiados artistas internacionais na área da cerâmica artística e presidente da Academia Internacional de Cerâmica, com sede na Suíça. Esta instituição internacional, segundo garantiu a autarquia aveirense, garantiu, a partir deste ano, o apoio institucional à bienal aveirense. “Um reconhecimento que confirma o estatuto de uma das bienais de cerâmica de referência mundial”, vincou o gabinete da presidência, em comunicado.
A inauguração oficial acontece este sábado, pelas 17h00, no Museu de Aveiro/Santa Joana e integra o momento da entrega dos prémios aos vencedores do concurso internacional, seguindo-se a visita à exposição principal e aos diferentes locais onde se realizam as outras exposições.