PSA confirma negociações com Fiat sobre fusão, acções disparam
Os dois construtores automóveis europeus estão a negociar uma possível união que criará um dos maiores grupos do sector. E que poderá colocar o português Carlos Tavares no topo da eventual nova empresa.
A Fiat Chrysler e o grupo PSA (Peugeot, Citroen e Opel)) iniciaram conversas exploratórias no sentido de unir as suas operações e criar um gigante automóvel avaliado em mais de 40 mil milhões de euros, segundo informações reveladas pelo Wall Street Journal e a Bloomberg, que destacam o facto de o potencial negócio estar ainda numa fase muito embrionária e com vários cenários em cima da mesa.
Num comunicado enviado esta manhã às redacções, o grupo francês anunciou que, “na sequência das informações publicadas na comunicação social sobre um possível acordo entre o Groupe PSA e o FCA Group, o Groupe PSA confirma que há contactos em curso com vista a criar um dos principais grupos automóveis mundiais”. As acções dos dois grupos arrancaram o dia a subir de forma vincada, com os títulos da Fiat a subirem mais de 8% - atingindo o máximo desde Maio - e os da PSA a valorizarem cerca de 7%, depois de negociarem no preço mais alto desde 2008.
A administração da PSA, liderada por Carlos Tavares, irá reunir-se de forma extraordinária esta quarta-feira para discutir a fusão, que numa das configurações discutidas colocaria precisamente o português à frente da gestão executiva da nova empresa, com o delfim da família Agnelli, John Elkann, líder da Fiat, a ocupar o cargo de chairman (presidente da administração). Isto, se os termos da fusão definirem que será a PSA a lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Fiat.
“Uma combinação entre a Fiat e a PSA tem mais lógica do que a tentativa anterior de juntar a Fiat à Renault-Nissan e tem uma maior probabilidade de sucesso”, explicou um analista de mercados, citado pela Bloomberg.
As negociações entre a Fiat e o grupo Renault colapsaram em Junho, na sequência da oposição do governo francês, devido ao ambiente político da altura em França, mas também porque o parceiro da Renault, o grupo japonês Nissan, não manifestou o seu apoio ao negócio.
“Se se concretizar, acreditamos que irá desencadear um comportamento mais racional da indústria em termos de investimento”, sublinhou um outro analista de bolsa, estimando que as sinergias poderiam chegar a sete mil milhões de euros em 2023, assumindo as sobreposições de mercados das duas empresas na Europa, América Latina e China.
Este potencial negócio também acontece numa altura em que o sector vive uma época de intensa pressão entre a guerra comercial entre os principais blocos económicos mundiais, os primeiros sinais de recessão na Europa e uma mudança dos consumidores para automóveis menos penalizadores do ambiente, como os eléctricos e os híbridos. No caso específico da Fiat e PSA, as metas de descabornização na Europa são especialmente exigentes para uma indústria que continua a lidar com os efeitos dos escândalos de emissões, sobretudo na Alemanha, mercado dominado pela grande rival europeia destes dois grupos, a Volkswagen.
Notícia actualizada com comunicado da PSA