Ala mais à direita do PS-Braga prepara-se para a era pós-Costa

Socialistas de Braga estão zangados com o secretário-geral por não incluir nenhum militante do distrito no Governo. Barcelos e Guimarães já têm candidatos às concelhias.

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António Costa com Joaquim Barreto na campanha das legislativas de 6 de Outubro MÁRIO CRUZ/LUSA

António Costa comprou uma guerra com o PS de Braga que pode comprometer o processo das autárquicas no distrito ao não colocar nenhum militante do distrito no Governo que agora inicia funções. Embora o secretário de Estado do Planeamento, José Mendes, seja de Braga, não é militante do partido e por isso não conta.

O socialista Paulo Freitas do Amaral, que se vai candidatar à concelhia do PS de Guimarães, diz que “há responsáveis” por “não haver ninguém do PS-Braga no maior Governo da democracia portuguesa”. “Há um fracasso da actual liderança do PS no distrito, que tem vindo a perder terreno a nível autárquico, distrital e nacional”, declarou ao PÚBLICO Paulo Freitas do Amaral, que é secretário da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães.

O candidato, que olha para a “geringonça” como “um modelo esgotado”, assume que a sua candidatura está alinhada com a ala mais à direita do PS e que se pode a vir a tornar numa alternativa” a Costa. “Este modelo da ‘geringonça’ há-de ter o seu fim e esta ala mais à direita do PS, mais ligada ao Francisco Assis, pode ser o futuro. Pode ser a alternativa que existe à esquerda e à extrema-esquerda”, prognostica o socialista.

Quem já anunciou a sua recandidatura à concelhia de Guimarães foi Luís Soares, que está alinhado com Joaquim Barreto. O deputado disse que aceitou o desafio de se voltar a recandidatar à concelhia com as eleições autárquicas no horizonte. “Vamos continuar a trabalhar para continuar a ganhar a Câmara de Guimarães “, disse Luís Soares.

Em Barcelos há dois candidatos. Armindo Vilas Boas anunciou esta segunda-feira a sua candidatura à concelhia de Barcelos e fê-lo em nome da “unidade do partido” e contra um PS que diz “capturado por aqueles que têm responsabilidades no partido a nível local”. O segundo candidato é o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, arguido na sequência da Operação Teia, desencadeada pela PJ em Maio.

Armindo Vilas Boas, que leva 22 anos de militância, aponta críticas aos que actualmente lideram o PS no concelho numa alusão o presidente da concelhia, Manuel Mota, e a Miguel Costa Gomes. O autarca de Barcelos está indiciado dos crimes de corrupção passiva e de prevaricação no âmbito da Operação Teia. O autarca, que esteve em prisão domiciliária até aos primeiros dias de Outubro, é suspeito de fazer parte de uma rede de influências que beneficiaria a família e aparelho do PS do Norte e o seu município era o segundo maior cliente das empresas de comunicação e de organização de eventos de Manuela Couto, mulher do ex-presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, que renunciou ao cargo para o qual foi eleito.

Em declarações ao PÚBLICO antes da apresentação da candidatura, Vilas Boas disse que o presidente da Câmara de Barcelos, que é também presidente da mesa da concelhia, “está muito fragilizado”, devido ao seu envolvimento na Operação Teia e que “não tem condições para se candidatar”. E deixa uma advertência: “O Partido Socialista não é a tábua de salvação de ninguém”.

O presidente da concelhia de Barcelos, Manuel Mota, com quem o PÚBLICO tentou falar por diversas vezes sem sucesso, vai apoiar a candidatura de Miguel Costa Gomes, de quem é adjunto na câmara. Manuel Mota, que pediu para sair da lista de deputados à Assembleia da República zangado com o lugar que Joaquim Barreto lhe reservou, pretenderá ter o apoio do actual autarca de Barcelos, caso venha a ser eleito, numa eventual candidatura sua à Câmara de Barcelos em 2021. Mas há outros socialistas de olho na presidência do município. 

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