Arquitectura
Ilustrações para salvar o modernismo soviético na Arménia
Em 2016, a Fundação Getty elegeu o resort da União dos Escritores da Arménia, no Lago Sevan, como património do modernismo soviético, dando 130 mil dólares (cerca de 120 mil euros) para o estudo do edifício e consequente plano de conservação. Foi uma “grande notícia” para a artista e curadora Nvard Yerkanian, que decidiu assinalar o momento com uma ilustração (a primeira desta fotogaleria). Dava assim início a uma série de desenhos, em que tenta “promover o património modernista da Arménia”.
Curadora e artista visual, Nvard vive actualmente em Florença, Itália, onde concluiu um mestrado em design gráfico e co-criou o Why Graphic Design Festival. Na Arménia, onde nasceu, estudou arquitectura, fotografia, crítica cultural e curadoria. E nos últimos quatros anos a sua vida tem sido dividida entre ilustração e design, com um grande foco no património arquitectónico e cultura urbana.
“A arquitectura ocupa uma grande parte da minha vida”, diz a ilustradora, num email para o P3. “Interesso-me sobretudo por projectos que documentam e visam a preservação de camadas históricas que estão fora da atenção do Estado e do público.” Por isso, faz estas ilustrações minimalistas, que foram premiadas este ano nos World Illustration Awards.
“Perderam-se muitos edifícios únicos nos primeiros 20 anos após a independência da Arménia [da União Soviética, em 1991], sobretudo devido à rejeição e desprezo pela herança soviética”, conta Nvard. “De facto, com a ambição de construir uma nova imagem da cidade, muitos edifícios icónicos como o Youth Palace [imagem 8], a parte frontal do Cinema Moscow Open Air Hall [imagem 12] foram alterados, danificados, demolidos e outros deixados em ruínas ou negligenciados.” Infelizmente. “O modernismo soviético (…) é injustamente subvalorizado na Arménia”, conclui, apesar de, hoje em dia, existir “um grande interesse mundial pelo modernismo e brutalismo”. Felizmente.