A turistificação das cidades, de que Lisboa e o Porto são um exemplo, associada à especulação imobiliária, a modos de habitar e a modelos de reconstrução urbana que satisfazem uma estrita lógica de classe, faz delas territórios demarcados de uma burguesia transnacionalizada. Primeiro, surgiram os efeitos imediatamente visíveis e localizados; agora, começamos a perceber que há outros diferidos no tempo e de alcance muito vasto. Por exemplo: os estudantes universitários não encontram alojamento decente a preços razoáveis quando vão estudar numa cidade longe da residência; e os professores do secundário, colocados temporariamente em regime de substituição (muitas vezes, com horários incompletos), não podem aceitar um emprego provisório que não lhes permite sequer pagar a renda da casa. Começa a ser visível que o processo tem dois tempos e progride do centro para uma periferia cada vez mais longínqua.
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