Marcelo pede mais crescimento e promete ser “factor vigilante de estabilidade”

Questionado sobre as condições para a estabilidade do novo Governo minoritário do PS, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “o desejável é que seja um Governo de legislatura” e que “o Presidente fará tudo para que o desejável ocorra na realidade”.

Foto
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão de encerramento do Congresso CIP 2019 ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O Presidente da República defendeu esta terça-feira que Portugal precisa de mais crescimento económico sustentável, advertindo que “os infortúnios” vão chegar “mais cedo do que o esperado”, e prometeu ser um “factor vigilante de estabilidade”.

“Importa e importa muito haver mais e mais sustentável crescimento económico. Este que temos não chega”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no encerramento do Congresso da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, que teve como tema “Portugal: Crescimento ou estagnação? A resposta está nas empresas!”. Na sua intervenção, no Centro de Congressos do Estoril, o chefe de Estado encorajou a CIP a constantemente “explicar a importância da iniciativa privada” e a empenhar-se num “trabalho conjunto” entre confederações patronais e sindicais, apontando a concertação social como “uma garantia de paz e de estabilidade social”.

Mais à frente, o Presidente da República considerou que Portugal tem um “crescimento da economia claramente insuficiente” e precisa de “mais e mais sustentável crescimento económico”, assim como de “melhor balança externa, mais acelerada correcção de desigualdades — e, para tudo isso, maior produtividade e, portanto, maior competitividade”. “É insensato não apostar em metas mais ambiciosas e vai proporcionar apertos a não muito longo prazo se nós esperarmos que os infortúnios aparecerão o mais tarde possível. Eles virão mais cedo do que esperado”, advertiu, recomendando por isso “metas claras e ambiciosas” e “racionalidade no juízo analítico dos factores e das situações”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, no actual contexto, “é preciso que as instituições, todas elas, saibam proporcionar condições de estabilidade política, de estabilidade financeira, de estabilidade fiscal, de estabilidade social” e ao Presidente da República compete “ser um factor vigilante de estabilidade”.

No seu discurso, de 17 minutos, o chefe de Estado disse que “tempos complexos exigem diálogo e concertação de energias”, e que “pensar o futuro do trabalho é urgentíssimo”, deixando um elogio ao papel da CIP e ao seu presidente, António Saraiva, a quem agradeceu por “servir Portugal por mais uns anos, comprados a preço elevado à sua vida e à sua saúde”.

O Presidente da República anteviu “anos decisivos” para o desenvolvimento do país e sustentou que existem vários “pontos de consenso nacional”, por exemplo, “quanto à existência de finanças sãs” e “quanto à imprescindibilidade de aprofundar o modelo de desenvolvimento apoiado em investimento e em exportação — muito mais do que em consumo privado e público”.

À saída, questionado pelos jornalistas sobre as condições para a estabilidade do novo Governo minoritário do PS, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “o desejável é que seja um Governo de legislatura”. “E o Presidente fará tudo para que o desejável ocorra na realidade. Fará tudo agora e fará tudo ao longo dos anos de Governo que correspondam ao seu mandato, uma vez que falta um ano e meio de mandato presidencial”, acrescentou.