Marcelo foi aos Açores e ficou “muito impressionado” pela destruição “massiva” do Lorenzo

O Presidente assinalou a importância da articulação entre Governo Regional e Governo da República para assegurar o abastecimento à ilha e a “tarefa de reconstrução”.

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O Presidente da República visitou este domingo o porto das Lajes das Flores, que ficou destruído após a passagem do furacão Lorenzo pelos Açores, mostrando-se “muito impressionado” pela destruição “massiva”.

“Muito impressionado com aquilo que foi descrito pelo presidente do Governo Regional. O terem estado aqui na véspera [Governo regional], pouco tempo antes e o porto ser um e de repente ser uma paisagem completamente diferente. A destruição do porto, que é de facto massiva, massiva, e de tudo o que existia nele. Isso significa que não havia forma de construir pensando no que sucedeu”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, durante a visita em que foi acompanhado pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.

O Presidente da República também assinalou a importância da articulação entre Governo Regional e Governo da República para assegurar o abastecimento à ilha e a “tarefa de reconstrução”.

“Olhando para o futuro, também é muito importante a forma como o Governo Regional, em diálogo com o Governo da República, assumiu a tarefa da reconstrução, que já começou e já esta a ser feita: o que está planeado, as fases do abastecimento imediato e garantir esse abastecimento em melhores condições de segurança para o imediato e para durante o Inverno, que verdadeiramente ainda não começou”, afirmou.

“[Para] As soluções mais definitivas, é preciso mobilizar recursos financeiros, que é preciso fazer nas várias áreas, a culminar no novo porto (...), e isso está a ser enfrentado com uma grande determinação e uma grande rapidez”, destacou.

A visita do Presidente às Flores acontece no dia em que os eurodeputados do PSD fizeram saber que vão pedir na segunda-feira que o Parlamento Europeu inclua na sessão plenária desta semana, em Estrasburgo, um debate sobre os prejuízos causados pelo Lorenzo nos Açores.

Novas visitas

O Presidente da República deixou a garantia de que irá visitar a ilha das Flores mais vezes para acompanhar as obras de reconstrução do porto das Lajes.

“Virei cá muitas mais vezes durante o próximo ano e meio para ver o andamento das obras e para mostrar que a solidariedade não se esgota num minuto, num momento e num determinado instante. Não, continua. Eles merecem isso”, afirmou, referindo-se à solidariedade.

Durante a visita, Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou cidadãos que estavam na zona, tendo ouvido queixas de alguns relativamente à ineficácia da solução encontrada para o abastecimento da ilha.

O Presidente fez por pacificar as reclamações e frisou que esta “é a luta de todo o país”, naquele que será “um desafio para meses e anos”.

“É a luta de todo o país. O importante é que as pessoas não se choquem só com as imagens que chegam naquelas horas e naqueles dias”, assinalou, destacando que “os problemas das pessoas não desaparecem por não aparecerem na televisão todos os dias”, e defendendo que a “solidariedade nacional, que existiu naquele momento, tem de continuar a existir”.

Na ocasião, o presidente do Governo Regional realçou o “interesse do Presidente da República”, “antes, durante e depois” da passagem do furacão, e vincou que “essa é uma luta que nos vai exigir algum tempo para ser normalizada”.

“Não podemos ter a ilusão de pensar que ficou tudo destruído e agora as coisas correrão como sempre correram. É natural [a preocupação dos cidadãos], quer da parte dos privados, do ponto de vista do planeamento, do abastecimento, como da parte pública, com toda a montagem da operação. Há todo esse trabalho conjunto para fazermos com a conjuntura que temos, com meios que temos, com as circunstâncias que temos, o melhor possível. É isso que entendemos que nos é exigido, e é isso que estamos a fazer”, apontou o chefe do executivo açoriano, que, na segunda-feira, se irá reunir com o primeiro-ministro, António Costa, para discutir a situação.

Após a visita à ilha das Flores, Marcelo deslocou-se à ilha do Faial para continuar a inteirar-se das consequências da passagem do furacão.

A passagem do Lorenzo pelos Açores, em 2 de Outubro, deu origem ao registo de 255 ocorrências e 53 pessoas tiveram de ser realojadas. O furacão causou a destruição total do porto das Lajes das Flores, o que colocou em risco o abastecimento ao grupo ocidental do arquipélago.

Depois de assegurado o abastecimento através de embarcações de tráfego local (mais pequenas), a empresa Portos dos Açores, que gere as infra-estruturas portuárias da região, anunciou, no passado sábado, que “já estão em curso os trabalhos de preparação do projecto de reconstrução do porto das Lajes das Flores”.

No total, o Lorenzo provocou prejuízos de cerca de 330 milhões de euros, segundo anúncio do presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, na passada segunda-feira.