Hong Kong: novos confrontos e lojas chinesas incendiadas em manifestação
Uma pessoa que distribuia panfletos a apelar aos protestos foi esfaqueada.
Uma marcha não autorizada na noite deste domingo em Hong Kong degenerou, mais uma vez, em violência com os manifestantes a partirem e incendiarem estações de metro - 14 foram fechadas - e a partirem e incendiarem lojas chinesas, como a Xiaomi.
Os manifestantes ergueram barricadas e atiraram bombas incendiárias, com a polícia a responder com canhões de água e gás lacrimogéneo. O protesto concentrou-se numa zona do centro da cidade conhecida pelas suas lojas de luxo e hotéis.
Na origem dos protestos que começaram há meses está a influência do Governo chinês neste território com administração especial, com os organizadores e os participantes a acusarem Pequim de estar a retirar as liberdades da região. Os violentos ataques a dois militantes pró-democracia nesta semana exacerbaram o movimento.
Neste domingo, que começou de forma pacífica no bairro central de Tsim Sha Tsui, os manifestantes disseram estar a protestar contra a proibição do uso de máscaras, contra o governo de Carrie Lam e para exigir a reforma do Corpo de Polícia desta ex-colónia britânica, que acusam de brutalidade.
Se a marcha começou de forma pacífica, ao início da noite em Hong Kong os manifestantes mais radicais começaram a bloquear ruas, a lançar cocktails molotov e a vandalizar caixas de multibanco e estações do metropolitano.
Algumas lojas chinesas foram pintadas com grafites e frases como: “O Partido Comunista Chinês será destruído pelo céu” e “Liberdade em Hong Kong”, relata o jornal South China Morning Post.
A AFP acrescenta que os manifestantes arrancaram pedras da calçada e espalharam-nas pela estrada e derrubaram barreiras de segurança de plástico e de metal para formarem barreiras improvisadas.
Na quarta-feira, Jimmy Sham, uma das figuras do campo pró-democracia, foi hospitalizado após ser violentamente agredido com martelos por desconhecidos.
Jimmy Sham é o principal porta-voz da Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH), uma organização que promove a não-violência e esteve por detrás dos protestos mais pacíficos dos últimos meses.
Na noite de domingo, um homem de 19 anos que distribuía panfletos a apelar aos protestos foi gravemente ferido por um agressor que o esfaqueou no pescoço e no abdómen. Vídeos difundidos nas redes sociais mostraram o agressor a segurar uma faca após o ataque e a gritar “Hong Kong faz parte da China” e “vocês estragaram Hong Kong”.