Ilustração
As mulheres fotografadas por Artur Pastor, ilustradas por Marta
Marta Nunes pegou no amarelo das jóias das mulheres minhotas e das searas alentejanas e desenhou As Mulheres de Artur Pastor, uma série de ilustrações "das trabalhadoras anónimas" retratadas nas imagens do fotógrafo natural de Alter do Chão.
"As mulheres nas fotografias não são assim tantas, mas são imagens muito fortes", conta a ilustradora, a trabalhar na área da arquitectura. Marta Nunes mergulhou no longo arquivo de Artur Pastor, fotógrafo nascido em 1922, enquanto vivia em Portalegre. Ao mesmo tempo, estava a fazer uma recolha de histórias de vida de mulheres que tinham trabalhado em fábricas e tapeçarias, trabalhos rurais ou contrabando naquela região do Alentejo, com uma amiga, Marília Ribeiro. O livro Mulheres, Trabalho e Alentejo está editado (Colibri, 2019), mas se não existisse, "aqueles testemunhos teriam desaparecido", observa. "É muito importante as pessoas pararem e se ouvirem umas as outras."
Começou a desenhar as trabalhadoras que lhe "causaram mais impacto". Mulheres na praia da Nazaré, em 1950, ceifeiras no Alentejo, minhotas carregadas de jóias, mesmo no meio do campo. A "colecção" de ilustrações não pára de aumentar e Marta quer apresentá-las numa edição de autor e numa exposição, marcada para 16 de Novembro, na Galeria Geraldes da Silva, no Porto. Para a ilustradora, Artur Pastor não se limitou a documentar, classificar e catalogar os diferentes sectores de actividades ou produtos agrícolas ao longo de décadas. "Também prestou uma homenagem às pessoas anónimas que ali estavam, a trabalhar." Agora, lembradas também numa ilustração.