ERC recebeu participações sobre ausência do programa Sexta às 9 da grelha da RTP

Regresso do programa de investigação jornalística estava marcado para meados de Setembro, mas só começou a ser emitido um mês depois e as duas notícias visavam negativamente o Governo.

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A exploração de lítio em Montalegre é contestada pela população. Adriano Miranda

A ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social recebeu participações sobre a ausência da emissão do programa Sexta às 9, da RTP1, durante o Verão e o período de campanha eleitoral, disse à agência Lusa fonte oficial.

O programa “Sexta às 9”, que esteve fora do ar deste o dia 19 de Julho, regressou na semana passada, a 11 de Outubro, na sexta-feira seguinte às eleições legislativas. O regresso do programa estava inicialmente previsto para o dia 13 de Setembro - nove dias antes do início da campanha eleitoral.

Questionada pela Lusa sobre se o regulador dos media tinha recebido alguma participação relativamente ao Sexta às 9, fonte oficial disse que a “ERC confirma a entrada de participações referentes ao facto de o referido programa estar ausente da emissão da RTP”.

A mesma fonte não avançou o número de participações recebidas, adiantando apenas que se seguiu “o procedimento normal de apreciação”.

Depois de ter sido suspenso durante o Verão, como costuma acontecer com diversos programas de informação da estação pública, o regresso deste programa semanal de investigação esteve previsto para dia 13 de Setembro. Mas, ao contrário do que aconteceu em 2015, quando a campanha eleitoral das legislativas arrancou na mesma altura, desta vez o regresso do programa foi adiado quase um mês. E na edição de estreia tinha duas notícias desfavoráveis para o Governo: uma sobre o processo da exploração de lítio na mina de Cepeda, em Montalegre, que está a ser investigado pelo Ministério Público por suspeita de crime económico, e a outra sobre um alegado favorecimento decorrente de um diploma do Governo sobre tratamento de bio-resíduos.

Esse adiamento foi assinalado pelo presidente do PSD, Rui Rio, que, na sua conta do Twitter (que desde o último dia de campanha só havia usado para assinalar a audiência com Marcelo), se questionou no dia 12: “Porque será que o Sexta às 9 foi suspenso antes das eleições, particularmente este programa que só pôde ser emitido ontem? Pode haver mil razões, mas perante a gravidade do que aqui está...” O vice-presidente do PSD Salvador Malheiro viria, no dia seguinte, também na mesma rede social, defender que “a Direcção-geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Secretaria de Estado da Energia têm que explicar os motivos para exigir estudo de impacto ambiental para uns e dispensar para outros”.