Sturgeon pronta para avançar com segundo referendo à independência da Escócia
A primeira-ministra escocesa disse que é “difícil imaginar um acordo que seja pior para a Escócia” do que firmado entre Boris Johnson e a UE e garante que, se for aprovado, os escoceses devem ter uma palavra a dizer sobre o seu futuro.
Nunca quis a saída do Reino Unido da União Europeia e não perdeu a oportunidade de criticar o acordo anunciado esta quinta-feira. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, entende que o pacto para o “Brexit” vai “prejudicar a Escócia” e anunciou que vai pedir ao Governo britânico o consentimento para um segundo referendo à independência.
“É difícil imaginar um acordo que seja pior para a Escócia, é pior até que o de Theresa May”, disse Sturgeon à BBC. “Tira a Escócia da União Europeia, do mercado único, da união aduaneira, e tudo contra a nossa vontade”.
Os 35 deputados do Partido Nacional da Escócia, de Sturgeon, votaram na Câmara dos Comuns do parlamento de Londres por três vezes contra o acordo alcançado entre May e Bruxelas, ajudando a chumbá-lo. E desde que Boris Johnson chegou a Downing Street que a líder escocesa tem garantido que os seus deputados vão rejeitar qualquer acordo que retire o Reino Unido do mercado único e da união aduaneira.
E Sturgeon não está disposta a esperar para ver o que acontece em Westminster: anunciou que vai pedir ao Governo de Londres um segundo referendo à independência da Escócia, em 2020, por considerar que é necessário pois o ‘Brexit’ alterou a situação em que foi realizado o primeiro, em 2014, quando a maioria dos escoceses (55%) optou pela permanência no Reino Unido.
No referendo ao “Brexit”, em 2016, 62% dos escoceses votaram a favor da permanência na UE e o embróglio das negociações entre Londres e Bruxelas tem dado mais força ao espírito independentista.
“Vamos conquistar a nossa independência, mas não à maneira do ‘Brexit’, não a desvalorizar a democracia, a desvalorizar os que discordam e a espalhar mentiras”, disse Sturgeon no congresso do partido no início desta semana, referindo-se à campanha do referendo de 2016.
A chefe do Governo escocês já começou a mobilizar as suas hostes e o congresso do seu partido deixou-o claro. O tema de um segundo referendo domina a discussão interna e houve delegados que submeteram à mesa do congresso uma moção que defendia a convocação de um referendo sem autorização de Londres, à semelhança do feito pelos catalães com Madrid em 2017, na eventualidade de o Governo não o consentir.
A moção foi, porém, derrotada pela grande maioria dos delegados e a via negocial é a desejada entre as fileiras dos nacionalistas escoceses.