Papa: “O que acumulamos e desperdiçamos é o pão dos pobres”

O chefe da Igreja Católica diz ser “cruel, injusto e paradoxal” que exista comida para todos os cidadãos, mas que nem todos tenham acesso a alimentos, ou que existam regiões do mundo em que a comida é desperdiçada.

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EPA/Fabio Frustaci
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Reuters/Remo Casilli
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O Papa Francisco salientou esta quarta-feira que “o que acumulamos e desperdiçamos é o pão dos pobres”, lançando uma nova crítica à “lógica do mercado” na sua mensagem por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, celebrado pelas Nações Unidas.

Na sua mensagem à agência das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO) com sede em Roma, que comemora o dia sob o lema “As nossas acções são o nosso futuro”, o Papa referiu que, “perante os 820 milhões de pessoas famintas, temos o outro lado da balança: quase 700 milhões de pessoas com excesso de peso, vítimas de hábitos alimentares inadequados”.

“É cruel, injusto e paradoxal que haja comida para todos e que nem todos tenham acesso aos alimentos, ou que existam regiões do mundo em que a comida é desperdiçada, atirada fora, consumida em excesso ou dedicada a fins não alimentares, criticou.

O Papa Francisco referiu que tais factos “não são simplesmente emblemas da dieta dos povos opulentos”, pois tais hábitos começam a existir em países onde ainda há pouca e má alimentação, mas que copiam modelos alimentares de áreas desenvolvidas.

A luta contra a fome e a desnutrição, prevê, não terminará “enquanto a lógica do mercado prevalecer e apenas se buscar lucro a todo o custo, relegando os alimentos a um mero produto comercial, sujeito a especulações financeiras e a distorções”. “Não podemos esquecer que o que acumulamos e desperdiçamos é o pão dos pobres”, insistiu.

Para Francisco, a solução é “regressar à simplicidade e sobriedade e viver cada momento da existência com um espírito atento às necessidades do outro”. Propôs que se mude para um estilo de vida que permita às pessoas “cultivar um relacionamento saudável com os outros e com o ambiente” em redor.

Para sair dessa espiral negativa, defende Francisco, “é necessário promover instituições económicas e canais sociais que permitam aos mais pobres aceder aos recursos básicos de forma regular”.