Protestos na Catalunha podem transferir o clássico para o Bernabéu

La Liga propõe que Barcelona se desloque a Madrid para disputar o jogo da primeira volta, no próximo dia 26, decisão que poderá mesmo avançar contra a vontade dos clubes.

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LUSA/ALEJANDRO GARCIA

O clássico Barcelona-Real Madrid, agendado para o próximo dia 26, às 13 horas, em Camp Nou, poderá, por sugestão de La Liga - que gere os campeonatos profissionais de futebol em Espanha -, com o apoio governamental, ser transferido para a capital. Esta é a solução apresentada pelos responsáveis do organismo para evitar a espiral de tensão no ambiente que marca a actualidade na Catalunha. Uma saída polémica, mas que poderá avançar independentemente de os dois clubes rejeitarem, à partida, a proposta, que depende dos três votos do comité de competições profissionais: um da Real Federação Espanhola, um de La Liga e um independente.

Perante um cenário de protestos massivos desde o início da semana, contra as condenações de 12 dirigentes catalães envolvidos no referendo e na declaração de independência de 2017, depois de conhecida a sentença do Supremo Tribunal de Espanha, a La Liga avançou com a proposta de inverter a ordem dos jogos entre Barcelona e Real Madrid, com o Bernabéu a receber o clássico na primeira volta.

Uma posição preventiva, em nome da segurança pública, que, no entanto, parece não ser suficientemente convincente aos olhos dos dirigentes dos clubes, que podem apresentar a respectiva argumentação até segunda-feira. A ideia parece, aliás, não reunir margem suficiente para estabelecer um consenso, como se percebe pelas reacções surgidas de imediato nas redes sociais, ditadas em grande medida por um pressuposto questionável: de que as manifestações previstas para esse fim-de-semana serem de cariz pacífico, prevalecendo a convicção de que os cidadãos saberão separar as águas entre política e futebol, o que também não parece líquido.

Por outro lado, indiferente à coincidência de Camp Nou ser visitado pelo Real Madrid no meio de uma tempestade política, o FC Barcelona emitiu, após a leitura da sentença, um comunicado em que defende a liberdade de expressão, manifestando uma posição clara quanto à prisão dos líderes cívicos, tanto a preventiva como a efectiva agora decretada e que inclui penas de até 13 anos de cadeia, concluindo que tal medida “não ajudou nem ajudará a resolver o conflito”. A reforçar esse posicionamento surge a confirmação de que o Barcelona acusou a notificação da proposta da Liga, tendo decidido não aceitar a inversão da ordem dos jogos, segundo fonte do clube citada pela EFE.

Já para o Real Madrid, o facto de início do jogo estar previsto para as 13 horas implica um reforço das medidas de segurança - já de si elevadas -, dada a rivalidade e a habitual classificação de jogo como de alto risco. Por força da agenda, a equipa orientada por Zidane teria que pernoitar na Catalunha, sugerindo uma maior preocupação em torno de toda a logística. Os “merengues” preferem o adiamento do clássico, mas a decisão está na mão de um comité que levará em conta a visão dos clubes antes de assumir uma posição definitiva.

Para salientar este estado de apreensão, o próprio Barcelona decidiu antecipar em 24 horas o programa deste fim-de-semana, para prevenir complicações na deslocação ao reduto do Eibar.

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