Dezenas de autarcas arguidos no inquérito que envolve ex-líder do Turismo do Norte
Investigação está na recta final e acusação deve ser conhecida até 25 deste mês, quando faz um ano que Melchior Moreira está em prisão preventiva.
Dezenas de actuais e antigos autarcas foram constituídos arguidos no âmbito da chamada Operação Éter, inquérito em que o ex-presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal está detido preventivamente há perto de um ano, por suspeita de ter cometido vários crimes, parte dos quais relacionados com a forma como foram contratadas as lojas interactivas da região.
A informação foi avançada esta terça-feira pelo Jornal de Notícias e confirmada pelo PÚBLICO que apurou que em causa estão presidentes de câmara e vereadores que contrataram, através de ajuste directo, sociedades do empresário de Viseu, José Agostinho, a principal das quais a Tomi World.
A Polícia Judiciária está na recta final desta investigação, já que até 25 deste mês o Ministério Público terá que acusar o ex-presidente do Turismo do Norte, Melchior Moreira, se quiser mantê-lo em prisão preventiva.
O principal foco da investigação está relacionado com a forma como foram contratadas as lojas interactivas da região de turismo do Norte, instaladas na maioria dos 86 municípios que a integram. Muitas destas lojas foram montadas por empresas de José Agostinho, através de ajustes directos à Tomi World, que conseguiu estabelecer um autêntico monopólio neste nicho de mercado.
Melchior Moreira, que foi deputado do PSD, está indiciado igualmente por um crime de corrupção relacionado com um jantar pago pela empresária Manuela Couto, administradora da W Global Communication (antiga Mediana) e mulher do ex-presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto. O jantar, com um grupo alargado de pessoas, custou cerca de 1350 euros e ocorreu em Janeiro do ano passado em Madrid, à margem da Feira Internacional de Turismo (Fitur).
O Ministério Público considera que o jantar foi a contrapartida dada a Melchior Moreira e à directora operacional do Turismo do Norte, que está suspensa de funções, por estes terem aceitado pagar antecipadamente cerca de 50 mil euros pelos serviços prestados pela empresa de Manuela Couto na Fitur, que se realizou entre 17 e 21 de Janeiro do ano passado.