Os números e as curiosidades do novo Governo
Mais mulheres e ministros mais jovens — mas pouco. Há poucas mudanças e algumas surpresas. Mariana Vieira da Silva, de 41 anos, é a ministra mais jovem, mas não é estreante e vê até a sua posição reforçada com a atribuição do estatuto de ministra de Estado.
Em equipa que ganha não se mexe. Essa parece ser a lógica de António Costa que apresenta um Governo em muito semelhante ao anterior executivo. Mas há mudanças. Além da criação de dois novos ministérios, o primeiro-ministro indigitado apresenta mais mulheres a liderar ministérios. O novo Governo ainda não é paritário, mas apresenta-se perto disso. O Governo com mais ministérios é também o Governo com mais ministras desde o 25 de Abril. O novo executivo é também mais novo — mas pouco. Quer em caras novas, quer em idades, há poucas mudanças a registar na equipa de António Costa.
Mais mulheres
De cinco mulheres no último elenco ministerial, António Costa passou para oito, o que significa que a percentagem de mulheres subiu de 29,4 para 42,1. É seguro dizer-se que nunca houve um Governo tão feminino em Portugal. Até agora, era o também socialista José Sócrates quem tinha o maior número de ministérios liderados por mulheres, com cinco mulheres em 16 ministérios. Uma das estreias é de Maria do Céu Albuquerque, que deixa a secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional para se tornar na segunda mulher a ocupar o cargo de ministra da Agricultura.
Duas caras novas
Num Governo com 19 ministros (mais dois do que o anterior), há cinco novos ministros mas só há verdadeiramente duas caras novas: Ana Abrunhosa e Ricardo Serrão Santos. Todos os restantes governantes ou mantêm as pastas ou são promovidos de secretarias de Estado a ministérios. É o caso de Ana Mendes Godinho, Alexandra Leitão e Maria do Céu Albuquerque. Já outros, como Mariana Vieira da Silva, passam a ministros de Estado. De acordo com António Costa, a atribuição deste novo estatuto a quatro ministros significa “um reforço do núcleo central do Governo para que o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros possam assegurar plenamente a condução da Presidência da União Europeia”. Há também a criação de dois novos ministérios: o ministério da Modernização e o ministério da Coesão Territorial.
Três saídas
Uma mulher e dois homens deixaram o Governo. Dos três nomes de saída, dois deles deixam familiares no Governo: Vieira da Silva e Ana Paula Vitorino. Do lado do primeiro, a saída não é uma surpresa. Vieira da Silva, pai da reconduzida ministra Mariana Vieira da Silva, já tinha anunciado que, por opção própria, não iria transitar para o novo executivo. Já Ana Paula Vitorino, 57 anos, deixa o Ministério do Mar. Por seu lado, o seu marido, Eduardo Cabrita, 58 anos, manter-se-á na liderança da pasta da Administração Interna. Também Luís Capoulas Santos sai da equipa, deixando a pasta da Agricultura e a reforma da floresta para Maria do Céu Albuquerque.
Os repetentes
Ao todo, os ministros que ficam são o maior grupo: 14. As poucas mudanças no executivo foram uma das surpresas. Nomes que tinham sido dados como saídas certas – casos de Francisca van Dunem e de Manuel Heitor - acabaram por ficar. Reconhecendo que o elenco e estruturas do seu novo Governo são muito semelhantes ao que cessa funções, António Costa justifica que o novo executivo está “mais reforçado politicamente, numa lógica de continuidade”. As diferenças, diz o primeiro-ministro indigitado, prendem-se sobretudo com os quatro objectivos estratégicos.
Média de idades
Há também um ligeiro rejuvenescimento da equipa de António Costa. Com a saída de ministros como Luís Capoulas Santos, 68 anos, e de José António Vieira da Silva, 66 anos, e com a entrada de ministros e ministras mais jovens, a média de idades desce de 54,8 anos para 52,5 anos. O título de governante mais jovem deste executivo vai para Mariana Vieira da Silva, com 41 anos. Já os ministros mais velhos são, com 65 anos, o reconduzido Nelson de Souza e o estreante Ricardo Serrão.