Energia do Futuro
A energia na Europa
Empenhada em ser um dos pilares mundiais do Acordo de Paris, a União Europeia ambiciona atingir a neutralidade carbónica em 2050. O PÚBLICO faz um retrato dos principais indicadores da produção e consumo de energia nos Estados-membros que mostram que ainda há um longo caminho a percorrer para reduzir o peso dos combustíveis fósseis nas economias europeias, mas que há também uma Europa a várias velocidades na transição energética.
Uma Europa dependente das importações (e da Rússia)
Principais países de origem em 2017, em %
Evolução da taxa de dependência energética dos Estados-membros entre 2007 e 2017
A taxa de dependência energética da UE em 2017 foi de 55%, o que significa que mais de metade da energia necessária nos 28 Estados-membros teve de ser coberta por importações. Destas, quase dois terços foram petróleo e derivados, seguindo-se o gás natural (26%) e os combustíveis fósseis sólidos, como o carvão (8%). A Rússia tem um papel central no abastecimento energético da UE: representa 30% das importações de petróleo, 39% das de gás natural e 40% das de carvão. A Noruega, um dos países com uma das agendas de descarbonização mais ambiciosas do mundo, também tem um papel fundamental no abastecimento europeu de combustíveis fósseis: 25% do gás natural e mais de 11% do petróleo.
Que energia consomem os europeus?
Total em 2017, em %
Embora o seu peso seja variável de país para país, em 2017, o petróleo e os seus derivados representaram 41% do consumo final na UE, seguindo-se o gás natural (22%). O uso directo de fontes renováveis como a madeira ou o solar térmico representou apenas 9% do consumo final, mas na realidade a utilização de energias limpas foi superior, tendo em conta a transformação da água, sol e vento em electricidade – esta representou 21% do consumo e os combustíveis fósseis sólidos (essencialmente carvão) apenas 3%. As famílias europeias são responsáveis por 25% do consumo energético, a indústria consome uma fatia de 31% e os transportes, 28%. Aos serviços cabe 13% e à agricultura, 2%.
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DANIEL ROCHA
A produção de energia na UE
Total em 2017, em %
Quem produz o quê?
Top 5, em toneladas equivalentes de petróleo (tep)
As origens da electricidade produzida nos Estados-membros
Em %
A produção de electricidade na UE traduz realidades muito distintas: França é campeã do nuclear (71%) e Chipre depende em larga escala do petróleo (91%). Na Estónia e Polónia, quase 80% da produção é assegurada pelo uso do carvão, enquanto na Dinamarca as renováveis (e essencialmente a eólica, com 48%) já representam quase 71%. No conjunto, 44% da electricidade produzida na UE em 2017 resultaram da queima de combustíveis fósseis, 31% tiveram origem em fontes renováveis e 25% provieram de centrais nucleares. Nas renováveis, a eólica contribuiu com 11%, a hídrica com 10%, a biomassa com 6% e a solar com 4%.
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FVL
A ambição em matéria de renováveis
Metas dos Estados-membros para a introdução de renováveis no consumo final de energia. Valores atingidos em 2017 e metas para 2020 e 2030, em %
A União Europeia tem metas globais para a percentagem de renováveis que devem entrar no consumo final de energia e todos os Estados-membros devem contribuir para as alcançar. Os dados de 2017 indicam que alguns Estados já cumpriram os objectivos propostos para 2020 e que outros deverão falhá-los. Quanto às metas de 2030, Bruxelas instou vários Estados-membros a serem mais ambiciosos quanto ao que se propõem atingir quando, no final do ano, apresentarem as versões definitivas dos seus planos nacionais de Energia e Clima 2030.
Quanto pagam os europeus pela electricidade e pelo gás natural?
O impacto que as facturas de gás natural e electricidade têm nas carteiras dos europeus está dependente de factores como o custo de vida em cada país e o rendimento médio dos seus cidadãos.
É preciso ter em conta a fiscalidade e as taxas aplicadas à energia e ainda todas as decisões de política económica que acabam reflectidas nas facturas mensais destes serviços energéticos e que afectam o rendimento disponível das famílias e a competitividade das empresas.
São exemplo os subsídios às energias renováveis ou compensações e descontos dados a empresas. No caso português, por exemplo, cerca de 40% da factura de electricidade do consumidor doméstico diz respeito aos chamados "custos de interesse económico e geral".
Preços do gás natural
Dados do 2.º semestre de 2018. Preços em euro por kilowatt hora (kWh)
Famílias
Preços incluem impostos e taxas
Indústria
Preços excluem impostos e taxas
(Não inclui Chipre, Malta e Finlândia, que têm volumes reduzidos de gás natural)
Preços da electricidade
Dados do 2º semestre de 2018. Preços em euro por kilowatt hora (kWh)
Famílias
Preços incluem impostos e taxas
Indústria
Preços excluem impostos e taxas