Rita Nascimento, autora já de quatro obras e do blogue La Dolce Rita, cresceu “numa casa onde (felizmente) se fazia sempre um bolo ao fim-de-semana”, escreve no prefácio da sua mais recente obra: Um Bolo por Semana (Arteplural edições). Para a chef de pastelaria, um bolo “é algo mais que um bolo em si”, é “amor às fatias”.
Numa obra cheia de açúcar e dicas, a autora tenta resgatar a tradição portuguesa de se fazer um bolo ao mínimo motivo de celebração, como uma simples reunião de família, por exemplo. São 52 receitas de bolos, um para cada semana do ano. Há receitas de bolos para aqueles que gostam de sabores simples, de sabores ricos, de bolos gulosos, de bolos sem glúten ou sem lactose. Ah!, e também há a receita de um bolo para cães, que pode igualmente ser saboreado pelo dono.
Com sabores simples há o bolo de iogurte grego, o bolo de laranja, o de chocolate, o de mármore e a receita de pão-de-ló da avó da Rita. Se a sua infância tivesse um cheiro, escreve, “seria o deste a sair do forno”, pois era o único que a avó Tó sabia fazer. A particularidade desta receita está no leite e no fermento, algo que este bolo não tem por tradição levar, mas convém não esquecer isto, sublinha Rita: “Uma receita da avó tem mais valor do que qualquer regra de pastelaria.”
Por muito “básicos e neutros” que sejam, estes bolos podem sempre servir de base para criar diferentes sabores ou então serem completados com cremes ao gosto de cada um, explica a autora. Um dos últimos capítulos do livro é dedicado a isto mesmo, ajudando o leitor a preparar o mais variado leque de recheios, cremes e coberturas. Será, também, um elemento chave na preparação dos bolos gulosos (que é como Rita Nascimento gosta de chamar aos bolos festivos). São bolos com camadas, “cheios de personalidade, com sabores ricos e texturas deliciosas”, como é o caso do bolo Rocher, que glorifica os bombons de chocolate e avelã a que raramente alguém resiste na época natalícia; do bolo brigadeiro, um autêntico brigadeiro gigante; assim como o bolo pastel de nata, que permite “comer às fatias” o famoso pastel português.
Entre bolos simples e bolos festivos, há, ainda, um tipo de bolo que Rita apelida de aromáticos e reconfortantes, bolos que são relativamente simples mas com sabores muito ricos, como é o caso do bolo de limão e mirtilos, do bolo de café com leite e do bolo de cerveja. Várias são as combinações que a autora usa nas receitas que apresenta, mas há ainda uma página com outras que “resultam bem em bolos”. Já provou caramelo com frutos secos? E canela com limão? Maçã com especiarias? Ora bem, se não, agora já pode. Dê asas à sua imaginação! A chef de pastelaria não quer que este seja só um manual feito para seguir à risca, mas, também, um livro que o inspire a criar.
A acompanhar as receitas vem todo um conjunto de dicas que passam pelos melhores utensílios, pela maneira correcta de preparar uma forma, por tornar o forno num grande aliado, até quais os melhores locais para conservar um bolo. Mas, atenção, há dez mandamentos que terá de respeitar, e o número dez reza assim: “Não comerás o bolo sozinho!”
Texto editado por Sandra Silva Costa