Tudo o que Elida Almeida fez até hoje num só concerto
A celebrada cantora cabo-verdiana apresenta este sábado em Lisboa uma viagem pelas suas canções, até ao mais recente single. No cineteatro Capitólio, às 21h30.
Já a preparar um novo disco, a cantora cabo-verdiana Elida Almeida apresenta-se este sábado no Capitólio, em Lisboa (às 21h30), com um resumo do que tem feito até aqui. Depois, esperam-na vários palcos: em França, no México e na Finlândia, na Womex, onde participa pela primeira vez.
Nascida a 15 de Fevereiro de 1993, na cidade de Pedra Badejo, Santa Cruz, Ilha de Santiago, Elida Almeida gravou até hoje três discos e vários singles, estes só com difusão nas plataformas digitais. E serão eles a base destes seus concertos, como Elida diz ao PÚBLICO: “O espectáculo vai ter músicas do primeiro disco, Ora Doci Ora Margos [2014] do Djunta Kudjer [2017] do Kebrada [2017] e dos singles gravados depois. Tudo o que fiz até hoje.”
Esses singles vão nascendo daquilo que é a sua própria fruição musical: “Não sou estática em termos de gostos, no que ouço e consumo no dia-a-dia. E tudo isso tem influência nas minhas composições, na forma como escrevo, nas melodias, nos arranjos. Ultimamente tenho ouvido músicas variadas do Brasil, da Nigéria, de descendentes africanos baseados em França, e também muita música cabo-verdiana. Tudo isso se mistura e sai da forma como sai.”
E o que saiu, nestes dois anos, foram cinco singles: Sou free, parceria com Flávia Coelho; Anu nobu; Final feliz, aqui convidada de Helio Batalha; Homi nha amiga, com Elji Beatzkilla; e, o mais recente, lançado já em Outubro, Ta due, dueto com a brasileira Roberta Campos. “O que tenho mostrado até agora, como singles, são parcerias com pessoas de que gosto muito. Cada música tem um significado diferente e especial.” O último single nasceu de uma viagem de Elida ao Brasil, em Setembro de 2018, para quatro espectáculos em São Paulo.
Uma aventura brasileira
“Como todos os cabo-verdianos, eu conhecia a Roberta Campos das novelas, e gosto das músicas dela. Quando fui ao Brasil, perguntaram-me se gostaria de ter alguma espécie de intercâmbio com um artista brasileiro. Disse que sim, e expliquei que gosto muito da Roberta Campos, da forma como ela canta, porque transmite tudo o que ela diz em palavras, em expressões; ela sofre quando sofre e quando está feliz a gente sente isso na voz.”
Os organizadores arranjaram-lhes um encontro e prepararam juntas um tema para o espectáculo (onde Roberta até cantou em crioulo e Elida em português do Brasil); depois, surgiu a hipótese de fazerem uma canção, com letra das duas. “A música foi gravada em São Paulo, o videoclipe em Cabo Verde [na Cidade da Praia, na ilha de Santiago], e a finalização do trabalho fez-se entre Cabo Verde e França.” Os arranjos são de Hernani Almeida e a edição é da Lusafrica, a produtora sediada em França que lançou Cesária Évora (1941-2011) e que, entre outros artistas, edita agora Elida.
Para o início de 2020, haverá novo disco de Elida Almeida. Que, aliás, já está em marcha, diz ela: “Já fiz várias maquetas, ainda estamos na fase de selecção. E em Novembro vamos focar-nos a cem por cento no disco. A data prevista para edição é fins de Fevereiro, princípio de Março.”
Até lá, é nos palcos que Elida continuará a mostrar a sua arte e a compreender o valor do seu país: “Tenho aprendido que Cabo Verde é muito importante, muito conhecido e muito respeitado musicalmente no mundo. Temos salas cheias, com pessoas que foram ali para ouvir Cabo Verde: não me conhecem mas conhecem o nome do país e a sua fama musical. Tenho ganhado muita confiança com o poder da nossa música e aonde é possível chegar com ela.”