Amplifest: o festival onde todos são cabeça-de-cartaz regressa com lotação esgotada
Arranca neste sábado a 7.ª edição após dois anos de hiato. Até domingo passam pelo Hard Club, no Porto, os Daughters, Deafheaven, Amenra, Pelican, Emma Ruth Rundle, Some Became Hollow Tubes ou Inter Arma para tocarem para um público que vem de 29 países diferentes.
Duas semanas foi o tempo que demorou até os passes gerais do Amplifest esgotarem desde que foram postos à venda em Abril deste ano, ainda a Amplificasom, organizadora do evento que arranca este sábado no Hard Club, não tinha revelado o cartaz. Não precisou de o fazer. Depois de um hiato de dois anos, eram muitos os fãs a pressionar a promotora para voltarem à casa de partida e lançar os dados em nova aposta. Assim o fez e até domingo, na 7.ª edição, entre regressos e algumas estreias, passam pelo Hard Club os Daughters, Deafheaven, Amenra, Pelican, Emma Ruth Rundle, Some Become Hollow Tubes ou Inter Arma.
Nesta edição não há um cabeça-de-cartaz óbvio como noutros anos em que por lá passaram Neurosis, Godspeed You! Black Emperor, Swans, Converge, Cult of Luna, Godflesh ou Mono. Arriscamos dizer, não nivelando por baixo, pelo contrário, que este será o cartaz mais equilibrado desde a primeira edição. Não porque alguma vez o Amplifest tenha facilitado nos nomes que acompanhavam outras bandas com mais fãs, mas porque não há um nome que se sobreponha em dimensão.
Na verdade, o fundador da Amplificasom, André Mendes, desde a génese do festival definiu como ponto assente que isso era coisa que nunca existiria na sua proposta: “Este é um festival sem cabeças-de-cartaz”, diz em conversa com o PÚBLICO. É por isso que se olharmos para o cartaz vemos as bandas alinhadas por ordem alfabética.
Quase da casa, repetentes no Amplifest, voltam os Deafheaven, com o novo Ordinary Corrupt Human Love (2018), de inspiração black metal sem espigões ou corpse painting, mas feito de óculos de massa, e os Amenra. Pela mão da Amplificasom, mas fora do festival, regressam ao Porto Pelican, Emma Ruth Rundle, Author & Punisher e Nadja. Estreias em Portugal são várias: Daughters, JK Flesh, de Justin Broadrick, que já lá esteve com Jesu e Godflesh, Inter Arma, Portrayal of Guilt, Ingrina e Some Become Hollow Tubes, de Eric Quach, dos Thisquietarmy, e Aidan Girt, percussionista dos Godspeed You! Black Emperor, que a 10 de Novembro passam pelo Hard Club para celebrar a data em que a promotora organizou o primeiro concerto, há 13 anos. No dia anterior passam por Lisboa para tocarem no Lisboa ao Vivo.
Durante os dois dias haverá ainda espaço para a apresentação de dois documentários: Syrian Metal is War, de Monzer Darwish, Where does a Body End?, de Marco Porsia, sobre o percurso dos Swans, que a Amplificasom trará ao Porto a 10 de Maio de 2020. Estão ainda marcadas duas conversas, sendo que uma delas reunirá dois intervenientes ligados a outros festivais europeus.
Sonhos concretizados
Dois anos de espera é muito tempo para quem se habituava a contar com esta proposta mais orientada para a exploração de novas abordagens sonoras enraizadas sobretudo no lado mais extremo do rock, onde vive o metal, o punk ou o hardcore. À 6.ª edição o festival fez uma pausa por motivos que o responsável pela promotora explica: “Cheguei a um ponto em que tinha concretizado muitos dos meus sonhos a nível das bandas que cá trouxemos”. Fala de bandas como Neurosis, Godspeed You! Black Emperor, Swans, Converge, Cult of Luna, Godflesh ou Mono.
Dos últimos recorda uma história que dificilmente deixará escapar da sua memória. “Quando ainda não sonhava sequer que algum dia organizaria este festival vi um concerto de Mono no Mercedes, onde cabiam umas 60 pessoas. Anos mais tarde estou eu a organizar um concerto deles”, conta. Esse concerto foi há 15 anos. A Amplificasom nasceu sensivelmente dois anos mais tarde exactamente no mesmo sítio onde os japoneses tocaram. Depois de ter conseguido colocar vários nomes da sua preferência no quadro de honra da promotora e do festival o Amplifest entrou num hiato, mas sempre com bilhete de regresso marcado.
Durante esses dois anos, “dentro e fora do país”, muitos foram os que quase lhe exigiam um regresso. Essas vozes tiveram o seu peso, mas acima de tudo também sentiu que era a altura certa para o fazer. “Este é um festival feito para nós e para os que nos seguem”. O critério continua a ser o mesmo: “Trazemos as bandas de que gostamos e que também agradam ao nosso público”, sublinha.
E esse público vem de 29 países diferentes, como Brasil, Estados Unidos, Turquia, Geórgia, Austrália. Ainda que coubesse mais gente no Hard Club, a lotação está limitada a mil pessoas por dia. “Queremos que quem lá vai possa assistir aos concertos com qualidade”, diz.
Desta vez não foi difícil esgotar o espaço, mas André Mendes sublinha que cada vez é mais difícil prever o resultado a nível da afluência de público. Não nega que está satisfeito por partir para esta edição com a bilheteira encerrada. Há sinais de que este regresso foi uma aposta ganha para quem diz organizar o festival sobretudo por “amor”. O próximo ano ainda é uma incógnita. Perguntamos se regressam já em 2020, responde-nos apenas: “Queremos muito regressar”.