Antiga embaixadora acusa Trump de a afastar a pedido de Giuliani
Ouvida no Congresso, Marie L. Yovanovitch diz que a decisão pode estar ligada a casos de corrupção na Ucrânia a envolver colaboradores do advogado do Presidente norte-americano.
Marie L. Yovanovitch, a antiga embaixadora dos EUA em Kiev que foi afastada do cargo pela Casa Branca em Maio passado, disse esta sexta-feira no Congresso, sob juramento, que o Presidente Donald Trump forçou a sua substituição desde o Verão de 2018.
Num depoimento prestado à revelia de uma proibição da Casa Branca, e sob o risco de ver a sua carreira na diplomacia chegar ao fim, Yovanovitch fez uma série de declarações que podem reforçar ainda mais a determinação do Partido Democrata em impugnar o Presidente norte-americano.
A antiga embaixadora disse que colaboradores do advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, puseram a circular a ideia de que ela era “desleal”, e que devia ser afastada.
“Não sei o que levou Giuliani a atacar-me. Mas as pessoas ligadas a ele podem ter sentido que as suas ambições financeiras pessoais foram bloqueadas pelas nossas políticas anti-corrupção na Ucrânia”, disse.
Esta semana, dois colaboradores de Giuliani, e outras duas pessoas ligadas a eles, foram acusados em tribunal por tentarem comprar candidatos a cargos públicos nos EUA com dinheiro de um cidadão russo.
Yovanovitch prestou depoimento à porta fechada perante as comissões da Câmara dos Representantes que estão a recolher provas para um possível processo de impugnação do Presidente Trump.
Segundo a sua declaração inicial, obtida pelo jornal New York Times, Yovanovitch afirmou que “debilitar diplomatas leais” pode encorajar pessoas com objectivos prejudiciais para os EUA a “usar a ficção e as insinuações para manipularem o sistema e a servirem os interesses de adversários, incluindo a Rússia”.
“Hoje em dia temos um Departamento de Estado atacado e esvaziado por dentro”, disse a antiga embaixadora dos EUA em Kiev.