Will Smith contra os clones
Ang Lee nunca desliga os máximos, a sensação de que o novo-riquismo tecnológico prevalece sobre tudo o mais nunca desaparece.
Demasiados fotogramas distraem o espectador, podia dizer um Tati do século XXI; e, excluindo a precisão da terminologia (porque a palavra “fotograma” já não faz sentido no mundo digital), teria neste Projecto Gemini um bom exemplo. Filmado com câmaras que registam 120 imagens por segundo (recorde-se: desde o advento do sonoro que a velocidade standard estabilizou nos 24 fotogramas por segundo), é um caso em que a tecnologia (a que acresce o 3D e o HD com definição de 4K) entra pelos olhos dentro. Não no bom sentido. É distractivo, perturbante, a imagem às vezes arrasta e cria sombras onde elas não deviam estar (sobretudo em movimentos rápidos do aparelho), o espectador interroga-se se é defeito da cópia ou se é só o projector da sala que não está equipado para tanta sofisticação. Em suma, concentra-se na superfície da imagem, como que encandeado, e o que se passa para lá da superfície pode ser qualquer coisa.
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