PAN promete que os seus quatro deputados “vão ser a voz para mudar o paradigma”
André Silva afirma que o partido não quer fazer parte da solução governativa, mas está disponível para negociar para “fazer avançar” as propostas do seu programa eleitoral.
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“Conseguimos! Hoje assinalamos uma grande vitória, somos a quinta força política em Lisboa, no Porto, em Setúbal e em Faro. Quadruplicamos a nossa representação parlamentar”. Foi assim que o porta-voz do PAN, André Silva, começou a sua intervenção, a última da noite eleitoral, depois de ter garantido a eleição de quatro deputados. “Somos o único grupo parlamentar em que os homens estão em minoria, o PAN é um partido feminista”, acrescentou.
Para André Silva, o resultado do PAN e de outros partidos “é sinal de uma nova forma de os portugueses olharem para a política porque estão cansados das velhas formações partidárias, que muitas vezes não têm soluções novas”. Mas considerou que o Chega e o CDS são dois partidos “perigosos e extremistas”, com os quais o PAN não está disposto a negociar.
André Silva preferiu acentuar a grande subida do PAN: “Há cada vez mais pessoas que se revêm nas nossas propostas, na nossa visão do mundo e que querem ver resolvidos os desafios do séc. XXI”, disse, sublinhando que essa mundivisão passa pela “rejeição de modelos que privilegiam determinados sectores em detrimento do interesse colectivo”.
Já na fase das perguntas, André Silva sublinhou que o PAN “não quer fazer parte da solução governativa”, mas está disponível para negociar para “fazer avançar” as propostas do seu programa eleitoral. Garantiu que António Costa ainda não lhe ligou, mas se lhe ligar e se a intenção for discutir ideias para o país, o PAN está disponível para conversar com todos para fazer avançar as suas propostas.
“As nossas linhas vermelhas são o nosso programa eleitoral, se necessário for qualquer tipo de negociação, será com base nas nossas propostas”, sublinhou e repetiu por várias vezes. André Silva frisou que “o PS não depende do PAN para formar governo” e que, por isso, a questão não se coloca.
André Silva chegou ao Palácio Pimenta às 22h15 – já os líderes do CDS, da CDU e do BE tinham feito a intervenção da noite eleitoral -, sozinho e a pé, para acompanhar o resto da noite eleitoral mas ainda sem querer fazer grandes comentários. Queria esperar pelos resultados finais para fazer a sua intervenção.
Só perto das 23 horas é que foi eleito o segundo deputado para o partido, neste caso a primeira mulher. Inês Sousa Real, número dois da lista do PAN por Lisboa, voltou a subir ao palco para anunciar a eleição de Bebiana Cunha pelo Porto. “É um momento muito feliz, em que o PAN tem pela primeira vez um grupo parlamentar”, disse a candidata.
Enquanto aguardava a sua própria eleição, Inês Sousa Real sublinhou que o facto de já haver um grupo parlamentar “vai dar força” ao partido, que assim vai poder “ter mais direitos” no parlamento, “estar em mais comissões e ter assim mais trabalho pelas grandes causas do PAN”. “Que grande noite, que noite feliz, vamos a isso, PAN”. Os apoiantes rejubilaram.
Algumas dezenas de pessoas juntaram-se no pátio do Palácio Pimenta para acompanhar a noite eleitoral do PAN, e a festa começou a fazer-se logo que as primeiras projecções foram conhecidas, às 20h. “Este é o momento, mais PAN no Parlamento”, gritaram os apoiantes presentes, agitando as bandeiras multicolores do partido (verdes, brancas, azuis e ainda algumas arco-íris).
Pouco depois, Inês Sousa Real, número dois por Lisboa, subiu ao pequeno palco para se congratular com as perspectivas de eleição. “O nosso objectivo está alcançado”, afirmou, lembrando que a meta que o partido tinha traçado era constituir um grupo parlamentar – e para isso bastava eleger dois deputados. O suficiente para a candidata dizer: “Já duplicamos a nossa representação”.
Numa noite ao relento, por entre árvores e pavões que entretanto foram recolhidos, os apoiantes do PAN não desmobilizaram, pelo contrário. E até contaram com a presença de uma delegação dos Verdes europeus: dois eurodeputados alemães fizeram questão de vir acompanhar in loco o aumento da representação nacional deste partido que, desde Maio, também já tem um representante na bancada verde em Bruxelas.