Um mapa cor-de-rosa com sete maiorias absolutas

Das maiorias do PS aos distritos onde o PSD ficou sem deputados. Uma análise territorial aos resultados da noite eleitoral.

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REUTERS/Jon Nazca

Desta vez não houve país dividido na horizontal, como em 2015, quando a coligação PSD/CDS-PP ganhou em todos os distritos a norte de Setúbal, Évora, Portalegre e Castelo Branco e o PS venceu em todos daqui para baixo. Ontem a vitória do PS incluiu o Norte e só deixou de fora Bragança, Vila Real, Viseu, Leiria e a Madeira.

Vitórias socialistas por mais de 50%

Foram sete os distritos e uma região autónoma onde o PS conseguiu eleger sozinhos mais deputados do que os outros partidos todos juntos. Aconteceu nos Açores, na Guarda, em Castelo Branco, em Coimbra, em Portalegre, em Évora, em Beja e em Faro. Em Portalegre, aliás, só os socialistas é que elegeram deputados (dois). Nenhum outro partido conseguiu obter quaisquer mandatos. Nestes sete círculos, o PS contabilizará 24 parlamentares.

PSD desaparece em três distritos

Nestas eleições, o PSD desaparece de Beja, de Portalegre e de Évora. Aliás, a sul do Tejo, os sociais-democratas só elegem deputados em dois distritos: Setúbal (um) e Faro (três). Uma análise mais fina ao nível dos concelhos também não traz muitas alegrias ao PSD “sulista, elitista e liberal”, como diria outro líder do PSD. Em Aveiro, um distrito normalmente laranja, o PS mordeu de tal forma as canelas ao PSD, que ficaram com o mesmo número de deputados. 

O PAN em quinto lugar

O Pessoas-Animais-Natureza já não é só um partido dos grandes centros urbanos, mas pode dizer-se que tem melhores resultados no sul do país do que a norte. Em Setúbal, Lisboa e Faro, o PAN conseguiu ficar à frente do CDS de Assunção Cristas e em quinto lugar na preferência dos eleitores. O mesmo aconteceu no Porto (à hora de fecho deste texto, havia eleito quatro deputados, dois em Lisboa, um no Porto e outro em Setúbal). Contudo, é bom dizer que o mesmo PAN se deixou ultrapassar pelo Chega, de André Ventura, em Portalegre, Évora e Beja que, nessa medida, foi uma revelação.

PSD faz triplete na Madeira, PS bem seguro nos Açores

Não houve surpresas nas regiões autónomas. Na Madeira, PSD e PS dividiram os seis lugares na Assembleia da República: três para cada. Os sociais-democratas voltaram a ganhar as eleições - este ano, venceram europeias, regionais e agora as legislativas -, mantendo o eleitorado e os três deputados que tiveram, estes quatro anos, em São Bento.

O PS também festejou. Os socialistas madeirenses cresceram em votos (passaram de 23 mil eleitores para 43 mil) e em mandatos: tinham eleito dois deputados em 2015 e elegeram agora um terceiro. Uma subida à custa do Bloco de Esquerda, que perdeu metade do eleitorado e o deputado que tinha em Lisboa.

“Foi uma vitória em contraciclo, em que tivemos exactamente a mesma percentagem que em 2015”, sublinhou o líder do PSD local, Miguel Albuquerque, no final da noite, destacando os 3-0 em vitórias do partido este ano na Madeira num cenário de bipolarização. Nos Açores, nova vitória do PS de Vasco Cordeiro. Os socialistas mantiveram os três lugares no Parlamento e o PSD, que apenas ganhou um dos 19 concelhos da região autónoma, ficou com os dois lugares restantes.

Assim se vê a força do PCP?

No mapa de 1976, o vermelho era a cor predominante dos distritos de Setúbal, Évora e Beja. Eram distritos onde o PCP conseguia percentagens superiores a 45%, e vencia em 13 concelhos do país com percentagens entre os 57 e os 36%. Em 2015, dos 13 bastiões passou a cinco, Avis (no distrito de Portalegre), Mora, Arraiolos, Montemor-o-Novo (os três no distrito de Évora) e Serpa (no distrito de Serpa). Neste domingo, o PCP, coligado com Os Verdes na CDU, só foi a força política mais votada nos concelhos de Avis e Mora. Assim se vê a força actual do PCP.

CDS agarrado aos bastiões autárquicos

O mau resultado do CDS não se fez notar nos municípios que governa. No distrito de Aveiro, registou percentagens da ordem dos 12% em Albergaria-a-Velha, Oliveira do Bairro e Vale de Cambra e em Ponte de Lima (Viana do Castelo) ronda os 16%. Foram as excepções.

(Quase) profetas na sua terra

O líder do PSD, Rui Rio, pode não ter vencido no país, mas manteve a fidelidade dos portuenses, que lhe deram três vitórias autárquicas. Os eleitores do município que liderou durante 12 anos davam-lhe, à hora de fecho desta edição, 34% dos votos escrutinados. O PS estava pelos 30% no concelho do Porto, mas ganhava, à vontade, no distrito, com quase 37%.

O líder do RIR, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), não conseguiu ser o mais votado na freguesia de Rans, concelho de Penafiel, onde nasceu para a política. Mas ficou bastante perto. Nesta freguesia do Norte do país, a diferença para o Partido Socialista foi de apenas cinco votos (282 votos do RIR contra 287 do PS). No concelho de Penafiel, o RIR (Reagir-Incluir-Reciclar) foi a quarta força política, com 2104 votos.

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