Poveiros criticam abate de árvores centenárias mas autarquia fala em segurança
Um aviso que ditava um abate de árvores no Largo das Dores na Póvoa de Varzim deixou os moradores indignados. São dez plátanos e uma araucária, todas árvores centenárias. Mas a câmara adianta que apenas as que estão podres serão cortadas.
Quando alguns moradores da Póvoa de Varzim observaram a placa que proibia a circulação e o estacionamento, durante os dias 4 e 7 de Outubro, nas ruas Sr. do Monte e Prof. Leopoldino Loureiro e o anúncio do abate de árvores no Largo das Dores, o sinal de alerta soou. O comunicado sobre a Requalificação do Espaço Público no Bairro da Matriz previa abates não mencionava quais as árvores centenárias que iriam abaixo. A população revoltou-se contra a intenção mas afinal nem todas serão abatidas mas apenas as que apresentam podridão, esclareceu a câmara.
O largo localiza-se mesmo atrás da Igreja Nossa Senhora das Dores, perto do Centro Hospitalar do município. Nele, dez plátanos envolvem uma fonte e um pequeno jardim que tem ao centro uma araucária.
Como a placa não estipulava quais destas árvores seriam abatidas, a população considerou que seriam todas a exigiu explicações à Câmara da Póvoa de Varzim. José Braga, morador na cidade, não vê lógica nesta decisão, sobretudo “num momento em que tanto se apela à consciência ambiental”, diz ao PÚBLICO. Este poveiro não é o único a expressar o seu desagrado. No Facebook da autarquia há comentários na publicação de aviso ao corte das estradas circundantes do largo que mostram a população em estado de alerta.
Mas a autarquia esclarece agora que apenas algumas árvores irão abaixo. Isto porque, como o largo é pequeno e as árvores de grande porte, durante muitos anos, e de forma a domá-las, foram feitas podas agressivas deixando nos plátanos “podridões acumuladas”, explicou ao PÚBLICO a vereadora do Ambiente, Sílvia Costa. Os relatórios técnicos das monitorizações da Terra Arável, empresa responsável por gerir os espaços verdes da Póvoa de Varzim, demonstram que estas “podridões têm crescido significativamente”.
Uma vez que o bairro histórico da cidade está a ser requalificado e uma das premissas dessa requalificação é oferecer condições de maior segurança aos peões, a vereadora afirma que faz todo o sentido “actuar de forma preventiva”, pois as árvores em questão tendem a colocar “a segurança das pessoas que coabitam com elas em risco”.
“A situação ainda está a ser avaliada no terreno”, admite Sílvia Costa, mas garante que “não serão abatidos todos os exemplares da espécie plátano”. A araucária, no entanto, encontra-se em “perfeito estado” e, por isso, será preservada. No lugar das árvores que, efectivamente, forem abatidas serão plantadas outras, adianta.
Texto editado por Ana Fernandes