Governo de Hong Kong proíbe máscaras em tentativa de parar protestos
Carrie Lam invoca lei do tempo colonial que não é usada há mais de 50 anos.
A chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou a proibição do uso de máscaras em eventos públicos – uma maneira de tentar fazer parar as manifestações que duram há quatro meses, e nas quais muitos manifestantes usam máscaras para se proteger do gás lacrimogéneo lançado pela polícia.
Lam garantiu, no entanto, que Hong Kong “não está em estado de emergência”, cita o South China Morning Post
A polícia, pelo seu lado, lançou no início da semana linhas de orientação que aumentaram as situações em que lhes é permitido o uso da força, segundo documentos obtidos pela agência Reuters.
Isto acontece na semana em que um manifestante foi atingido por um tiro de uma bala real, a primeira vez que este tipo de munições foram usadas directamente contra manifestantes – até então, os ferimentos, mesmo que por vezes graves, tinham sido causados por balas de borracha.
Para a proibição das máscaras foi invocada uma lei do tempo colonial, que não é usada há mais de 50 anos, segundo o South China Morning Post. Fontes citadas pelo jornal dizem que a nova lei pode implicar uma pena de prisão de até um ano ou uma multa de 25 mil dólares de Hong Kong (cerca de 2,9 mil euros).
Ainda antes de a medida ser oficialmente anunciada, centenas de trabalhadores em escritórios na zona financeira a saíram para a rua de máscara. E já depois, à hora de almoço, muitos fizeram-no de novo. Um protesto fora do habitual, nota a jornalista Laura Chor no Twitter, de pessoas na sua pausa para almoço ou a caminho para o ginásio.
Olhando para os protestos no distrito financeiro, Chor questiona-se quantas destas pessoas se estarão a manifestar pela primeira vez. “Esta é a manifestação mais bem vestida que alguma vez vi, “comenta, “o que mostra que Carrie Lam conseguiu irritar todas as classes sociais”.
Os protestos em Hong Kong começaram em Junho por causa de uma proposta de lei que permitiria extradição para a China, mas alargaram-se para pedir mais democracia no território, incluindo, por exemplo, poder escolher os seus líderes livremente e não a partir de uma lista pré-aprovada por Pequim.