Microsoft regressa aos telemóveis com um modelo de dois ecrãs e sistema Android

O Surface Duo é um aparelho dobrável com dois ecrãs, que podem ser usados lado a lado, como se fossem apenas um.

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Depois de ter tido pouco sucesso no passado, a Microsoft anunciou que vai voltar ao negócio dos telemóveis. Esta quarta-feira, a empresa norte-americana apresentou o Surface Duo, um smartphone dobrável com dois ecrãs que funcionam em conjunto e que chegará ao mercado algures em 2020. Só que em vez de uma versão do Windows Phone (o antigo sistema operativo para os telemóveis da Microsoft), o sistema operativo do novo Surface Duo será o Android do Google, utilizado na maioria dos telemóveis em todo o mundo. 

A notícia chega três anos depois do Google e da Microsoft terem concordado em desistir de queixas que mantinham uma contra a outra em tribunal por violação das regras da concorrência.

“Com o Surface Duo estamos a construir a partir do Android para unir tecnologia de ponta ao nível do hardware com um software e serviços que já é familiar em telemóveis”, explicou Eran Megiddo, vice-presidente responsável pela secção de produtos e de educação da Windows, num comunicado sobre o novo telemóvel.

A empresa de Redmond, EUA, junta-se assim à sul-coreana Samsung e à chinesa Huawei que em 2019 também apresentaram telemóveis com mais do que um ecrã. Contrariamente às outras versões, o modelo da Microsoft não tem um ecrã que se dobra, uma nova tecnologia que sem ser lançada já tinha causado problemas: o modelo da Samsung foi adiado devido a ecrãs que se danificavam com o uso durante testes da imprensa.

A Microsoft propõe um aparelho que parece um mini-portátil fechado e que se abre para mostrar dois ecrãs, lado a lado que funcionam em conjunto. É possível arrastar documentos de um lado ao outro do ecrã, ou expandi-los ao longo dos dois ecrãs. Ao dobrar o telemóvel, com a capa para dentro, também se pode utilizar os ecrãs mais pequenos de forma separada.

De volta à corrida?

Depois de ganhar a guerra dos computadores pessoais nos anos de 1980 e 1990, e de ter tornado o Windows no sistema operativo dominante, a Microsoft chegou tarde demais ao mercado dos telemóveis. Lançado em 2010, o sistema da Microsoft não conseguiu competir com o Android e o iOS (lançados em 2006 e 2007). Em 2014, tentou novamente juntar-se à corrida com a compra da divisão de telemóveis da Nokia, que passariam a vir com o sistema Windows Phone, mas a estratégia não resultou e em 2017 a Microsoft desistiu de desenvolver o seu sistema operativo para telemóveis, em parte devido à falta de oferta de aplicações para a plataforma.

Com o interesse dos consumidores a orientar-se para telemóveis num formato dobrável – que torna possível que o aparelho caiba no bolso e, em simultâneo, permita aceder a conteúdo multimédia num formato maior – a Microsoft vê uma nova oportunidade de adicionar smartphones à sua gama de tablets e portáteis Surface. A Microsoft regressa quando os consumidores estão a demorar mais tempo a mudar de telemóvel. Dados de Julho da IDC mostram que foram enviados menos 2,3% de smartphones para retalho em 2019 face ao mesmo período em 2018. É o equivalente a menos oito milhões de unidades.

A nova parceria entre a Microsoft e o Google também mostra como as duas empresas enterraram a guerra sobre leis de concorrência na União Europeia. Na era de Steve Balmer, o antigo presidente executivo da Microsoft, a tecnológica passou anos a fazer campanha contra o poder do Google na Europa. Em 2013, um grupo de 17 empresas tecnológicas, entre as quais a Microsoft, apresentou uma queixa junto da Comissão Europeia que acusava o Google de estar a usar a posição dominante do sistema operativo Android para promover outros produtos e serviços da empresa. Com Satya Nadella, presidente executivo da Microsoft desde 2014, as empresas têm desenvolvido uma relação mais amigável, com aplicações da Microsoft a estarem disponíveis tanto para Android como para o sistema operativo do iPhone.

Por ora, há pouco detalhes sobre o Surface Duo: os ecrãs mais pequenos terão 5,6 polegadas, juntando-se os dois numa área de ecrã de 8,3 polegadas – uma dimensão que ganha em tamanho às versões desdobráveis da Samsung e da Huawei, que têm 7,3 e 8 polegadas respectivamente.

Esta quarta-feira, a empresa também apresentou o Surface Neo, uma tablet desdobrável, maior que o Surface Duo e que pode ter um teclado anexado (no formato maior), mas não permite chamadas telefónicas. Este modelo dobrável funcionará com o Windows 10x que é uma versão modificada do Windows 10 para aparelhos dobráveis.

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