Moda
Semana da Moda de Paris, o ninho do luxo
A Semana da Moda de Paris, que se realizou entre 23 de Setembro e 1 de Outubro, é sempre um dos pontos altos do calendário das marcas de luxo. Uma revisão do que esteve em destaque nos últimos dias.
Akris
Nos dez anos de aniversário da icónica bolsa criada por Albert Kriemler em forma trapezoidal, o criativo da Akris regressou a este formato, numa celebração da silhueta feminina e proporcionando uma fluidez de movimentos ao que não será alheio o uso de materiais leves. As malas, claro, não faltaram.
Balmain
Uma colecção que não deixou ninguém indiferente, com Olivier Rousteing a arriscar ainda mais do que é costume. Com cortes inspirados nas linhas das décadas de 1980 e 1990, sobressai o uso de cores em tonalidades expressivas, mas também o alinhamento monocromático de muitas propostas. De destacar ainda os conjuntos a preto e branco, em que Rousteing brinca com a dualidade dos dois tons para criar formas geométricas.
Celine
Desde o início do ano passado que Hedi Slimane, o antigo director da Saint Laurent, se passou para o conglomerado de luxo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy) para criar a linha Celine. E o que se percebe nas propostas do francês, que iniciou a sua carreira na também prestigiante Dior, é que o corte com a YSL ainda não é claro. Na passerelle, houve um certo ambiente de nostalgia pelos anos da “paz e amor”, com calças de ganga de cintura subida e de bocas largas (Não, ainda não são sinos!), motivos florais e casacos pesados.
Chanel
Era a prova de fogo para Virginie Viard que, depois de mais de três décadas de trabalho ao lado de Karl Lagerfeld, assumiu a liderança da casa francesa após a sua morte. E, neste segundo desfile só seu (o primeiro foi em Julho), provou que o ADN da icónica marca lhe corre nas veias. Houve tailleurs de corte intemporal, as jaquetas bouclé cujo nome se confunde com o da marca e casacos longos. Mas também uma saia em balão, um casaquinho bordado ou uns curtos calções, menos vistos entre a linha Chanel.
Dior
A natureza conquistou relevo na apresentação de Maria Grazia Chiuri, que não deixou escapar a oportunidade para promover o debate sobre o impacte da indústria da moda no ambiente, ao mesmo tempo que traçou uma homenagem sincera à Primavera, inspirada nas gravuras dos séculos XVII e XVIII da botânica alemã Maria Sybilla Merian. Na passerelle vingaram as saias longas, calças largas, mas também peças utilitárias. Curiosidade: as tranças longas exibidas pelas modelos originaram rumores de que se trataria de uma referência à jovem activista sueca Greta Thunberg.
Givenchy
A britânica Clare Waight Keller é a primeira mulher a assinar a colecção da Givenchy (algo que faz com êxito desde 2017) e também a primeira criativa da casa fundada, em 1952, por Hubert de Givenchy a regressar ao passado para criar uma linha moderna. Explique-se: Keller recuperou calças de ganga de um armazém, onde estavam desde a década de 1990, e revitalizou-as. Já pelos vestidos, o mote floral distingue-se dos demais, assim como as propostas feitas de camadas sobrepostas. Curiosidade: a autoria do vestido de noiva de Megan Markle é de Keller.
Guy Laroche
Richard René parece ter andado às voltas com uma colecção que parece carecer de um fio condutor: houve vestidos brancos fluidos, pesadas camisas em camurça, macacões… Já nos estampados, o próprio designer explicou que as notas de 500 francos pretendem homenagear as profissionais do sexo dos anos 70 do século passado. Já a inspiração veio do cinema: Madame Claude (1977), do mesmo realizador de Emmanuelle, Just Jaeckin.
Hermès
Assinada pela designer Nadège Vanhee-Cybulski, uma colecção que, seguindo as premissas de luxo da marca Hermès, se volta para a vontade de criar um armário de básicos que possam ser usados por qualquer mulher – desde que haja dinheiro à disposição… Nos materiais, Vanhee-Cybulski ousou cruzar o pesado couro com o ultraligeiro organdi.
Saint Laurent
Com uma passerelle com vista para a Torre Eiffel e a supermodelo icónica Naomi Campbell a encerrar o desfile, as propostas de Anthony Vaccarello cintilaram na noite parisiense, quer com os calções curtíssimos ou as botas de cowboy, quer com os vestidos debruados a ouro, blusas em chiffon ou saias plissadas metalizadas.
Vivienne Westwood
A exuberância da britânica voltou a surpreender Paris e a indústria da moda, desta feita com um desfile, assinado pelo seu companheiro Andreas Kronthaler, em que mais do que propostas de roupa o designer se propôs a olhar seriamente para a sustentabilidade da mesma: a maior parte dos tecidos foram recuperados de stocks abandonados há muito, sem que tenham sido tingidos. O destaque foi para um chapéu gigante em forma de peixe, elaborado de despojos de lantejoulas que tinha no seu estúdio.