PSD ganha na Madeira mas passa a depender do CDS para governar
Pela primeira vez em 43 anos, o PSD perdeu a maioria absoluta na Madeira. Albuquerque admite conversas com CDS, e vai negociar governo de coligação com os centristas. PS obtém resultado histórico, mas não evita a derrota.
O PSD perdeu a maioria absoluta na Madeira, mas terminou a noite a festejar ao lado do CDS. Os 21 deputados eleitos neste domingo pelos sociais-democratas de Miguel Albuquerque, somados aos três mandatos conseguidos pelo CDS de Rui Barreto, formam, à justa, uma maioria parlamentar à direita, numa assembleia legislativa composta por 47 lugares.
O Partido Socialista, liderado pelo independente Paulo Cafôfo, apesar da enorme subida em relação às regionais de 2015, acabou derrotado na recta final, ficando-se pelos 19 eleitos. Curto, para quem se proponha a, pelo menos, liderar uma coligação de governo à esquerda do PSD que parece agora inviável.
Copiosamente derrotado é o Bloco de Esquerda, de Paulino Ascenção. O partido perdeu os dois deputados que tinha e foi varrido do parlamento madeirense.
Numas eleições bastante polarizadas, o JPP, que tinha sido a sensação há quatro anos, foi o quarto partido mais votado, elegendo três parlamentares. A CDU, perdeu um mandato, mas consegue manter representatividade na assembleia madeirense, através da eleição de Edgar Silva.
Foram as eleições regionais madeirenses mais disputadas de sempre. Só depois de terminada a contagem da penúltima freguesia do Funchal, que garantiu em simultâneo a eleição do 21.º deputado para o PSD e o terceiro do CDS, é que a habitualmente animada sede dos sociais-democratas pôde festejar.
Mas o primeiro a cantar vitória, foi o CDS. Rui Barreto destacou a derrota da “esquerda”, sublinhando que no arquipélago não haverá “governo de maioria absoluta” sem os centristas. “O nosso guião, o nosso caderno de encargos, é o nosso programa”, disse Barreto, repetindo o que foi dizendo ao longo da parte final da campanha.
Cafôfo falou depois. Reconheceu a vitória do PSD, mas lembrou que a maioria da população não votou em Albuquerque. Por isso, desafiou os restantes partidos da oposição para uma espécie de “geringonça”. “A esmagadora maioria da população não votou no PSD e é por isso que eu não desisto da mudança da nossa terra”, argumentou, dizendo que o PS está disponível para liderar um governo de coligação com a oposição.
Albuquerque rejeita. “A extrema-esquerda e PS foram, mais uma vez, derrotados na Madeira”, disse na declaração vitória, em que admitiu já ter falado com Barreto sobre um acordo à direita. Será, explicou, um governo de coligação, porque, defende, não basta o CDS apoiar o governo no parlamento. É preciso fazer parte dele.”
Fim da hegemonia absoluta
Sobre os resultados, e a histórica perda de maioria do PSD na Madeira, Albuquerque faz as contas para lembrar que os sociais-democratas tiveram sensivelmente os mesmos votos nestas eleições do que em 2015 (56.448 votos agora, e 56.569 há quatro anos). O que aconteceu, disse, foi uma concentração de votos no PS, que fez com que o Bloco “desaparecesse” e a CDU quase ficasse sem deputado.
Olhando para 2015, a primeira vez que o PSD foi a votos sem Alberto João Jardim, o PSD perdeu três deputados. Na altura, segurou a maioria absoluta por um deputado, conseguido por apenas 12 votos.
O PS, concorrendo em coligação, ficou-se pelos cinco parlamentares, ganhando agora 19. O CDS, que liderou a oposição nos últimos oito anos, passou de sete para três mandatos, o JPP encolheu de cinco para três, e a CDU passou de dois para um. O Bloco perdeu os dois deputados que tinha.
O PTP de José Manuel Coelho também sai do parlamento madeirense, onde estava desde 2011, e o PND, que tinha eleito um representante (que depois passou a independente), também deixa de contar na geografia política da assembleia regional.
Concorreram a estas eleições 17 forças políticas, um número recorde em eleições regionais madeirenses: PDR, Chega, PNR, Bloco de Esquerda, PS, PAN, Aliança, MPT, PCTP/MRPP, PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS, CDU, JPP e RIR.