A saga de uma colecção que também sai caro não comprar

Enquanto se aguarda pelos resultados da contestação ao arresto de duas mil obras de arte, que os advogados do comendador entregaram já na quinta-feira, evoca-se aqui a longa e intrincada história da relação do Estado com a colecção Berardo, cujo momento decisivo ocorreu em 2006 com a assinatura do polémico acordo que determinou a instalação do Museu Berardo no CCB.

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LUSA/NUNO VEIGA

No dia 3 de Abril de 2006, o Estado português e o comendador José (vulgo “Joe”) Berardo assinavam um protocolo que definia os exactos termos em que a abrangente colecção de arte moderna e contemporânea internacional que o empresário reunira, um conjunto de obras sem nenhum paralelo em museus portugueses, iria ficar instalada e exposta no Centro Cultural de Belém (CCB). É o momento central de uma história que começara pelo menos uma dúzia de anos antes, no final do cavaquismo, quando o comendador e o seu então associado Francisco Capelo, principal arquitecto da colecção, fizeram as primeiras tentativas para que o Estado português a acolhesse e promovesse, e que outra dúzia de anos depois desembocou num intrincado conflito jurídico (com implicações financeiras, políticas e culturais), cujos episódios mais recentes incluem a controversa prestação do empresário na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos e o recente arresto judicial da Colecção Berardo e de outras obras de arte, decretado na sequência de um processo de execução interposto por três bancos aos quais o comendador deverá, no total, quase mil milhões de euros: a CGD, o BCP e (enquanto herdeiro do BES) o Novo Banco.

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