Os cinco anos mais quentes
A temperatura da Terra tem vindo a aumentar mas os últimos cinco anos foram os mais quentes desde que há registos. Julho de 2019 foi o mês mais quente de sempre. Se 2016 continua a ser o ano que registou maior variação da temperatura global, nos primeiros seis meses de 2019 a temperatura aumentou quase 1ºC.
Anomalia da temperatura média anual face ao período 1951-1980
Anomalias globais da temperatura da Terra face à média do século XX
O termo “anomalia de temperatura” significa um desvio face a um valor de referência ou à média de longo prazo. Uma anomalia positiva indica que a temperatura observada foi mais quente que o valor de referência, enquanto uma anomalia negativa indica que a temperatura observada foi mais baixa que o valor de referência. Nos últimos 30 anos as anomalias mensais foram sempre superiores à média do século XX.
A Terra aquece, aquece
Esta animação da NASA permite ver a progressão das anomalias globais da temperatura da superfície entre 1880 e 2018. As temperaturas mais altas que as normais são mostradas em tons que vão do amarelo ao vermelho. As mais baixas são mostradas em tons de azul. O último mapa mostra a anomalia da temperatura média global calculada para cinco anos, de 2014 a 2018.
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Os principais gases da atmosfera são o azoto e o oxigénio. Juntos compõem cerca de 99% da atmosfera. Existem outros gases, em pequenas quantidades, entre eles os gases com efeito de estufa (GEE) que têm a capacidade de reter a radiação infravermelha emitida pela Terra, impedindo-a de escapar para o espaço causando o fenómeno denominado efeito de estufa. O efeito de estufa é um processo natural que determina o clima da Terra e faz com que a temperatura da Terra seja superior do que a que seria na ausência da atmosfera.
Principais factores que contribuem para as emissões de gases com efeito de estufa
Queima de carvão, petróleo ou gás
Desflorestação: as árvores ajudam a regular o clima absorvendo o CO2 presente na atmosfera. Quando são abatidas, esse efeito benéfico desaparece e o carbono deixa de ser armazenado e permanece na atmosfera, reforçando o efeito de estufa
Actividade pecuária: as vacas e as ovelhas produzem grandes quantidades de metano durante a digestão dos alimentos
Utilização de fertilizantes que contêm azoto, estes produzem emissões de óxido nitroso (N20)
Dos gases com efeito de estufa, o CO2 é responsável por 63% do aquecimento global mundial. A sua concentração na atmosfera é actualmente 40% mais elevada do que no início da era industrial.
Concentração média anual global de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, medida em partes por milhão (ppm).
Consequências dramáticas no pior dos cenários
Milhões de pessoas na África Subsaariana, América Latina e no Sudoeste Asiático terão que abandonar as suas casas, tal como as populações das regiões costeiras e ilhas que irão desaparecer devido ao aumento do nível das águas do mar.
Segundo o IPCC, por perda de colheitas, perda de trabalho, necessidade de deixar as suas casas, pelo aumento dos preços da alimentação e dos bens essenciais ou o aumento de doenças, milhões de pessoas ficarão vulneráveis à pobreza até 2030, incluindo algumas “franjas” mais frágeis da classe média nos países desenvolvidos.
Chuvas torrenciais, secas prolongadas, ondas de calor, tornados e outros fenómenos meteorológicos extremos já são mais frequentes.
Algumas espécies vegetais e animais estão cada vez mais vulneráveis e em risco de extinção face às alterações do clima e do seu habitat.
As calotes polares e os glaciares estão a derreter mais depressa do que o esperado libertando metano e dióxido de carbono do permafrost , o que, combinado com uma perda de gelo branco que reflecte o calor, contribui para acelerar o aquecimento global.
O que podemos esperar
Permafrost
Permafrost é o nome dado a uma camada de solo permanentemente congelada abaixo da superfície da Terra. Consiste em terra, rochas e gelo e conserva depósitos de carbono. Existe na região do Arctico onde as temperaturas nunca aquecem o suficiente para derreter o gelo do solo como a Sibéria, o Alasca ou a Gronelândia. A camada de permafrost pode ter de 1 a 1000 metros de espessura. Estima-se que contenha duas vezes mais carbono do que existe actualmente na atmosfera.
Mínimo de gelo marinho do Árctico
O gelo do mar do Árctico, que atinge o seu mínimo a cada Setembro, registou em 2018 uma diminuição de 12,8% na sua extensão em relação à média registada entre 1981 e 2010. O gráfico mostra os mínimos anuais da extensão do gelo no mar do Árctico desde 1979, em milhões de quilómetros quadrados.
Ondas de calor na Europa
As ondas de calor são um dos fenómenos climáticos extremos que as alterações climáticas estão a tornar mais frequentes. De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), divulgado em 2018, as evidências científicas do aquecimento global são inequívocas. Ocorre uma onda de calor quando, num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência.
Ondas de calor na Europa
As ondas de calor são um dos fenómenos climáticos extremos que as alterações climáticas estão a tornar mais frequentes. De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), divulgado em 2018, as evidências científicas do aquecimento global são inequívocas. Ocorre uma onda de calor quando, num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência. Entre Junho e Julho duas ondas de calor atingiram a Europa. Houve recordes de temperaturas máximas em vários países e a comunidade científica alertou para a previsão de estes fenómenos se tornarem cada vez mais frequentes. Os meses de Junho e Julho de 2019 ultrapassaram, respectivamente, os meses mais quentes a nível mundial de que há registo, segundo a Organização Meteorológica Mundial.
A 25 de Julho, Holanda, Bélgica e Alemanha registaram as temperaturas mais altas de sempre, atingindo valores entre os 39ºC e 40ºC, e a cidade de Paris chegou aos 42,6ºC. O calor estendeu-se à Noruega e a Suécia.
O mapa gerado pelo Copernicus Sentinel-3’s Sea and Land Surface Temperature Radiometer mostra a quantidade real de energia que a Terra irradiava nesse dia. As nuvens são visíveis em branco na imagem, enquanto a cor azul representa áreas cobertas de neve.
Entre Junho e Julho duas ondas de calor atingiram a Europa. Houve recordes de temperaturas máximas em vários países e a comunidade científica alertou para a previsão de estes fenómenos se tornarem cada vez mais frequentes. Os meses de Junho e Julho de 2019 ultrapassaram, respectivamente, os meses mais quentes a nível mundial de que há registo, segundo a Organização Meteorológica Mundial.
A 25 de Julho, Holanda, Bélgica e Alemanha registaram as temperaturas mais altas de sempre, atingindo valores entre os 39ºC e 40ºC, e a cidade de Paris chegou aos 42,6ºC. O calor estendeu-se à Noruega e a Suécia.
O mapa gerado pelo Copernicus Sentinel-3’s Sea and Land Surface Temperature Radiometer mostra a quantidade real de energia que a Terra irradiava nesse dia. As nuvens são visíveis em branco na imagem, enquanto a cor azul representa áreas cobertas de neve.
Como aqueceu Portugal e como continua aquecer
O Sul da Europa e a Península Ibérica são destacados como das regiões da Europa potencialmente mais afectadas pelas alterações climáticas, enfrentando uma variedade de impactos potenciais: aumento na frequência e intensidade de secas, inundações, cheias repentinas, ondas de calor, incêndios rurais, erosão e galgamentos costeiros. De acordo com o IPCC, os cenários climáticos mais gravosos para Portugal prevêem que o aumento da temperatura possa chegar a 5°C em 2100.
TEMPERATURA MÉDIA ANUAL
O que é um cenário climático? Um cenário climático (RCP 4.5 e 8.5) é uma representação plausível e muitas vezes simplificada do clima futuro, com base num conjunto internamente consistente de relações climatológicas. É utilizado para investigar as potenciais consequências das alterações climáticas antropogénicas, muitas vezes servindo como entrada para modelos de impacto [IPCC, 2013].
Evolução das anomalias da temperatura média anual
Cenário RCP 8.5 tendo como referência o período 1971-2000
PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL
Evolução das anomalias
Cenário RCP 8.5 tendo como referência o período 1971-2000
SUSCEPTIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO
Média 30 anos no pior cenário (RCP 8.5)
O que já mudou
Por todo o planeta são visíveis os efeitos das alterações climáticas. Eis alguns exemplos.
Esta infografia integra o projecto Covering Climate Now , uma colaboração global de mais de 250 organizações de media para fortalecer e dar profundidade à cobertura da crise climática