Itália autoriza desembarque de 82 migrantes, mas frisa que não há política de “portos abertos”
Decisão foi tomada depois de um acordo europeu para a redistribuição deste grupo. Ministros do Interior da EU vão reunir para chegar a um acordo sobre um mecanismo mais alargado.
O Governo italiano autorizou que o navio de resgate Ocean Viking desembarcasse 82 migrantes na ilha de Lampedusa, depois de seis dias de incerteza, argumentando que a maior parte deles vai ser enviado para outros países da União Europeia.
Esta autorização assinala uma mudança na aplicação da política para com os migrantes e refugiados resgatados ou que chegam aos portos italianos por parte do novo Governo de coligação entre o partido populista 5 Estrelas e o Partido Democrático (esquerda), que substituiu há dias o anterior da Liga (extrema-direita) e do 5 Estrelas. O anterior ministro do Interior, Matteo Salvini, negava por norma os desembarques.
“Foi designado um porto seguro porque a União Europeia concordou com o nosso pedido para [que outros países] recebessem os migrantes”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigo Di Maio. Esclareceu, porém, que não se trata do regresso à política de portos abertos.
“Tem que ficar claro, mesmo em relação ao que se passou no anterior governo, que o nosso objectivo é garatir que os que chega a Itália são redistribuídos por outros países europeus”, disse Di Maio.
O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, disse este sábado no Twitter que há um acordo europeu ad hoc (ou seja para esta situação), entre a Itália, França, Alemanha, Portugal e o Luxemburgo, para permitir este desembarque. “Agora precisamos de chegar a um acordo sobre um verdadeiro mecanismo europeu temporário”, acrescentou Castaner
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, disse que se este futuro acordo vier a ser alcançado, o seu país pode receber 25% dos migrantes e refugiados que chegarem a Itália.
Os ministros do Interior da União Europeia vão reunir este mês de Setembro em Malta para tentarem chegar a um acordo mais abrangente antes da cimeira europeia de Outubro, no Luxemburgo.