Choque com linha de alta tensão foi a causa da queda de helicóptero em Valongo que vitimou piloto

Balde da aeronave embateu contra linha eléctrica enquanto piloto combatia incêndio a 5 de Setembro, indica relatório preliminar. Do acidente resultou uma vítima mortal.

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Gonçalo Dias / PÚBLICO

A queda do helicóptero que vitimou Noel Ferreira, no dia 5 de Setembro, durante um combate a um incêndio no concelho de Valongo deveu-se ao choque entre o balde da aeronave e um cabo de alta tensão. A conclusão é de um relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidente Ferroviários (GPIAAF) publicado esta quinta-feira.

“Após transpor uma primeira linha de muito alta tensão, devidamente sinalizada e composta por 14 condutores, o balde suspenso da aeronave colidiu nos cabos da segunda linha, esta posicionada a uma cota inferior e a cerca de 45 metros de distância horizontal da primeira, motivo pelo qual dispensa sinalização”, pode ler-se no relatório do GPIAAF. O acidente ocorreu após o piloto ter deixado no terreno uma equipa de intervenção que tinha saído meia hora antes da base da Afocelca, na Quinta Rei, igualmente em Valongo. A aeronave efectuou uma primeira descarga, com o acidente a acontecer na segunda aproximação que o piloto fazia ao local onde deflagrava o incêndio florestal. 

Após o embate do balde com a linha eléctrica, também o rotor da cauda do helicóptero chocou com uma segunda linha de alta tensão, resultando numa descarga eléctrica. A aeronave e os seus acessórios funcionaram como condutor entre os dois cabos, como fica demonstrado pela imagem. O impacto originou “um arco eléctrico intenso”, descreve o relatório. O GPIAAF sustenta que esta conclusão vai ao encontro dos relatos das testemunhas que assistiram ao acidente e reportaram um “impacto iluminado” entre a aeronave e os cabos. 

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Imagem do relatório: estimativa da posição de impacto do helicóptero com os cabos elétricos GPIAAF

Na sequência da destruição do rotor de cauda, a aeronave perdeu também o estabilizador vertical, iniciando nesse momento uma queda abrupta em rotação. 

Este gabinete diz que a perda de controlo foi “inevitável”, com um “incêndio intenso que consumiu a aeronave na totalidade” a deflagrar após o embate do helicóptero com o solo. 

A linha de alta tensão onde a aeronave embateu não estava sinalizada, mas não infringia nenhuma lei, visto que, a cerca de 45 metros de distância horizontal, se encontrava uma primeira linha de muito alta tensão devidamente sinalizada.

Estas conclusões têm carácter provisório, podendo ser alteradas no decorrer do processo de investigação ao acidente.

Operado pela empresa Helibravo, o helicóptero fazia parte do dispositivo de combate aos incêndios, a par dos meios aéreos que estão ao serviço da Protecção Civil. A vítima, Noel Ferreira, de 36 anos, era capitão da Força Aérea e simultaneamente comandante dos Bombeiros Voluntários de Cete. 

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