Tapada de Mafra encerrada ao público devido a greve de trabalhadores

A ACT efectuou uma “acção inspectiva”, na qual “concluiu que havia uma ilegalidade, levantou auto de notícia, que se encontra em fase de instrução”.

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Nuno Ferreira Santos

A Tapada de Mafra encerrou nesta quarta-feira ao público em resultado da greve dos trabalhadores, que acusam a directora, Paula Simões, de comportamentos de assédio moral e de destruição do património ambiental, exigindo a sua demissão.

O portão da entrada principal da Tapada Nacional de Mafra, no distrito de Lisboa, encontra-se fechado, conforme constatou a agência Lusa no local, onde se concentraram os trabalhadores em greve, dirigentes sindicais e membros de partidos políticos em solidariedade.

Em conferência de imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas referiu que os 15 trabalhadores contratados fizeram greve.

Fonte da direcção da Tapada disse à agência Lusa que dos 16 funcionários, 14 deviam estar nesta quarta-feira ao serviço e, desses, oito fizeram greve e seis estão a trabalhar.

Segundo os trabalhadores, "o assédio moral é reiterado todos os dias” e vêem a “Tapada a ser todos os dias destruída” do ponto de vista ambiental em resultado de decisões da directora, Paula Simões.

“Não aguentamos ver esta falta de respeito pelos ecossistemas e por esta Tapada, já para não falar da falta de respeito para com os trabalhadores”, sublinhou Margarida Gago, bióloga e delegada do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas.

Num comunicado enviado na semana passada, o Ministério da Agricultura, que tutela a Tapada, refere que “os fundamentos invocados para a greve merecem total discordância”, alegando que “estão asseguradas as condições de trabalho exigidas pela legislação laboral”.

A Autoridade para as Condições do Trabalho tem em curso um inquérito por assédio moral da directora contra os trabalhadores, na sequência de queixas que estes fizeram.

Fonte da ACT esclareceu à Lusa que esta entidade efectuou uma “acção inspectiva”, na qual “concluiu que havia uma ilegalidade, levantou auto de notícia, que se encontra em fase de instrução, mas ainda não há decisão”, o que só vai acontecer depois de avaliadas as alegações em sua defesa entregues pela directora.

Segundo a tutela, “não existe decisão transitada em julgado, pelo que não há qualquer condenação, prevalecendo o princípio da presunção de inocência”.

Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum e da Federação de Sindicatos da Administração Púbica, juntou-se aos trabalhadores em solidariedade por considerar que “os objectivos da concentração são justos”, quando existem “problemas graves”, com a directora a “fazer a vida negra aos trabalhadores” e a “negligenciar” o património natural.

Representantes regionais da CDU, PAN e PSD juntaram-se à concentração em solidariedade, enquanto o PS de Mafra manifestou, em comunicado, que este “património natural deve ser protegido”.

Os trabalhadores prometem manifestar-se à porta do Ministério da Agricultura, em Lisboa.