Morreu a mulher de Manoel de Oliveira
Maria Isabel Carvalhais tinha 101 anos. Cúmplice constante na obra do autor de Aniki-Bóbó, marcou também presença em alguns dos seus filmes, como Inquietude ou Cristóvão Colombo – o Enigma.
Para a história do cinema, ficará sempre como a mulher de Manoel de Oliveira (1908-2015). Na verdade, Maria Isabel Carvalhais – que morreu esta quarta-feira, no Porto, aos 101 anos – foi bem mais do que isso. Foi a companheira familiar, mãe de quatro filhos, mas foi também a colaboradora fiel numa extensa carreira que praticamente atravessou a história do cinema, desde que se casou com o futuro autor de Aniki-Bóbó (1942) em Dezembro de 1940, tinha então Maria Isabel 22 anos.
Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais, nascida no Porto a 1 de Setembro de 1918, acompanhou de perto, literalmente, sentada sempre muito próxima da cadeira do realizador, a filmografia de Oliveira. E algumas vezes entrou também no grande ecrã, como aconteceu em Inquietude (1998), quando ambos dançam numa sala da Casa de Serralves; ou em Cristóvão Colombo – o Enigma (2007), quando reconstituem o roteiro da viagem do descobridor da América; ou no filme autobiográfico do realizador Visita ou Memórias e Confissões (1992), no jardim da casa projectada pelo arquitecto José Porto na Rua da Vilarinha, explicando a importância das flores na sua vida; ou ainda no documentário de Paulo Rocha, Manoel de Oliveira, o Arquitecto (1993), acolhendo e guiando a actriz Leonor Silveira numa visita à casa familiar no Douro, quando da rodagem do mítico Vale Abraão.
O corpo de Maria Isabel Carvalhais estará depositado em câmara ardente durante a tarde desta quarta-feira, na Igreja Paroquial de Cristo Rei, na Foz do Douro, no Porto; o funeral realizar-se-á na quinta-feira, com uma missa às 14h30.