Salários de jovens licenciados são 50% mais elevados do que dos restantes
À medida que a idade vai avançando a diferença salarial de quem tem uma licenciatura alarga-se ainda mais. Na faixa etária dos 45 aos 54 anos, os trabalhadores com curso superior ganham quase o dobro dos outros, revela relatório da OCDE.
Ter um curso universitário continua a ser a melhor garantia para uma vida profissional mais favorável em Portugal. Os dados do relatório anual sobre educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, que é apresentado esta terça-feira, coloca o país entre aqueles onde há maiores ganhos para quem tem uma formação superior.
Os licenciados que têm entre 45 e 54 anos ganham quase o dobro dos restantes trabalhadores da mesma faixa etária. A vantagem salarial é inferior entre os mais jovens. Mesmo assim, quem, entre os 25 e os 34 anos, tem uma formação superior, consegue vencimentos 50% mas elevados do que os outros trabalhadores da mesma idade.
Ao longo do Education at a Glance 2019, são vários os indicadores que demonstram os benefícios do ensino superior. O desemprego de longa duração é superior para quem tem como qualificação máxima o 3.º ciclo. Além disso, mais de 80% dos trabalhadores nacionais com ensino superior ganham acima da mediana de rendimentos do país. Na Europa, só a Hungria garante a mesma vantagem a quem tem um curso superior – os restantes são países da América Latina: Chile, Costa Rica, Colômbia e México.
A mediana é um indicador estatístico que fornece o valor central de um conjunto de dados. Ou seja, separa a metade superior da metade inferior de uma população. Ao contrário da média, este indicador não é afectado pela existência de valores extremos, sejam demasiado altos ou demasiado baixos.
Os benefícios de uma formação superior no mercado de trabalho não parecem suficientes para convencer mais jovens a entrar numa universidade e politécnico, ainda que a alternativa para muitos deles seja manter-se inactivo. Portugal continua a ser, de acordo com o relatório da OCDE, um dos países onde há mais jovens que não estudam nem trabalham – os chamados “nem-nem”.
Cerca de 3% dos jovens dos 18 aos 24 anos estão desempregados e não estão a estudar. Portugal está num grupo de países com o mesmo problema em que também se encontram Itália, Espanha e Grécia, que tem a percentagem mais elevada neste indicador, 7,9%.
Já na faixa etária mais jovem, o Education at a Glance salienta que Portugal foi um dos países que mais conseguiu reduzir o número de jovens fora da escola na última década. São cerca de 3% os jovens até aos 18 anos que não estudam, menos 16 pontos percentuais abaixo do que acontecia em 2005 – e a quinta taxa mais baixa de todos os países da OCDE. Este indicador será resultado do aumento da escolaridade mínima obrigatória.