Jerónimo de Sousa critica os que agora querem ser “os campeões do ambiente”
Secretário-geral do PCP recusa falar sobre a sua continuidade à frente do partido. Diz que tem “mais projectos do que memória” para se pôr a pensar no passado.
Jerónimo de Sousa considera uma “injustiça” dizer-se que o PCP não é defensor de causas ambientais. O secretário-geral comunista atribuiu à CDU a defesa de propostas ambientais “há mais de 20 anos, quando ninguém ligava importância” e atira aos partidos que antes tinham “zero” preocupação e que agora surgem como “campeões do ambiente”.
Na preparação do caminho para as eleições legislativas, o líder comunista afina contra aqueles que querem roubar à CDU (coligação entre o PCP e Os Verdes) a bandeira das causas ambientais. “Se consultar a história parlamentar é, de facto, uma injustiça recusar o papel que o PCP teve na defesa do ambiente em relação à reciclagem aos plásticos... Propostas com mais de 20 anos e na altura ninguém ligava importância”, respondeu aos jornalistas numa conversa depois de plantar um sobreiro na área da Quinta da Atalaia, onde decorre a Festa do Avante!.
Este ano, a festa tem a intenção de ser mais ecológica, abolindo quase por completo o plástico não reutilizável. Para Jerónimo de Sousa, o ambiente é uma preocupação de sempre do partido e o líder comunista não vê com bons olhos que outros partidos, agora que se aproximam as eleições legislativas, tentem ficar com esta bandeira programática: “Estranhamos que para alguns, para quem a questão do ambiente era zero em termos programáticos, apareçam agora como campeões do ambiente. A vida prova, e a história parlamentar prova, que sempre tivemos propostas” nessa matéria, disse.
Jerónimo de Sousa não quis identificar a que outros se refere mas, tendo em conta a disputa parlamentar, entende-se que está sobretudo a falar para o PAN, que nasceu como partido animalista e tem feito uma conversão programática para se colocar como partido ecologista.
Jerónimo de Sousa esteve este sábado na festa que marca a rentrée do partido para assinalar a importância da floresta portuguesa, sobretudo do montado. Foi o mote que o levou a falar sobre as políticas do partido que têm como intenção promover a “produção nacional”.
Em termos de políticas ambientais, Jerónimo de Sousa defendeu que é preciso fazer uma “monitorização daquilo que são os recursos naturais” em Portugal e impedir “iniciativas que visem só o lucro e não tenham nenhuma preocupação com o ambiente”. Porque “o capitalismo não é verde”, acrescentou.
Várias vezes têm perguntado a Jerónimo de Sousa se deixará de ser secretário-geral do PCP depois das eleições de Outubro, seja qual for o resultado. Este sábado, questionado sobre se se prepara para escrever um livro de memórias, Jerónimo de Sousa respondeu que, se escrevesse um livro, teria de ser sobre a actualidade e futuro. “Continuo a ter mais projectos do que memória”, frisou. Este domingo encerrará a festa com o habitual comício.