Dorian causa 20 mortos nas Bahamas e deixa destruição sem precedentes

As autoridades prevêem que o número de mortos continue a aumentar com o decorrer das operações de socorro. A tempestade causou danos num terminal de armazenamento de petróleo.

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Na ilha de Abaco Reuters/DANTE CARRER
Furacão Dorian
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Na ilha de Abaco Reuters/Dante Carrer

A passagem do furacão Dorian pelas Bahamas causou pelo menos 20 mortos, de acordo com o balanço mais recente, mas o número que pode ainda aumentar enquanto as operações de busca e salvamento continuam, anunciou na quarta-feira o primeiro-ministro deste arquipélago nas Caraíbas, Hubert Minnis. O furacão voltou a ganhar força, tornando-se numa tempestade de categoria 3, e segue rumo aos EUA.

As Nações Unidas calculam que 70 mil pessoas nas Bahamas necessitem de apoio humanitário urgente. De acordo com a contabilização ao fim da manhã, 17 pessoas morreram na ilha Ábaco e três pessoas morreram na ilha da Grande Bahama. Mais de 13 mil casas foram destruídas. O Dorian afectou fortemente o arquipélago, sobre o qual permaneceu por muito tempo quase imóvel, com chuvas torrenciais. Segundo Minnis, 60% de Marsh Harbour, a principal cidade das Ábaco, ficou destruída. O aeroporto ficou submerso, com a pista inundada, e toda a zona estava alagada. A tempestade provocou “danos que vão afectar várias gerações” nas ilhas de Abaco e grande Bahama, acrescentou o primeiro-ministro, citado pela CNN

​Os ventos fortes e as águas lamacentas destruíram e danificaram milhares de casas, incapacitando a actividade de hospitais e deixando muitas pessoas presas dentro de casa – mesmo nas zonas superiores, como sótãos, de onde não conseguiram sair depois da subida das águas. 

“Na minha ilha de Ábaco, tudo se foi, não há bancos, nem lojas, não há nada”, disse à Reuters Raymond King, habitante de Marsh Harbour. “Foi-se tudo, só restam corpos.”

As primeiras iniciativas de entrega de ajuda humanitária já estão em curso. A Marinha britânica vai enviar um navio para dar assistência e a Jamaica vai enviar um grupo de 150 militares para apoiar os esforços de resgate nas ilhas mais afectadas.

Derrame de petróleo em terra

A petrolífera norueguesa Equinor anunciou que o Dorian danificou o seu terminal de armazenamento. “A nossa avaliação aérea do South Riding Point constatou que o terminal sofreu danos e que há petróleo no solo, fora dos tanques em terra”, afirmou a empresa, citada pela Reuters. “É muito cedo para indicar volumes. Até ao momento, não encontrámos petróleo no mar.”

As operações neste terminal foram temporariamente encerradas. A empresa afirma ainda que nenhum dos seus funcionários estava no local durante a tempestade. “Já avisámos as autoridades locais e continuamos em contacto”, acrescenta.

Entretanto, o furacão Dorian recuperou força e tornou-se novamente uma tempestade de categoria 3, com ventos que chegam aos 217 quilómetros por hora, anunciou na quarta-feira à noite o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC). Às primeiras horas da manhã desta quinta-feira, a baixa de Charleston, na Carolina do Sul, já começava a ficar inundada e havia relatos da formação de tornados que deixaram um rasto de destruição por onde passaram.

Os meteorologistas da NHC alertaram que o furacão pode trazer tempestades “fatais” à costa dos EUA nos próximos dois dias. Na Carolina do Sul, mais de 120 mil pessoas ficaram sem electricidade, segundo a CNN, que citou a empresa de distribuição Dominion Energy.

Quando atingiu as Bahamas, no fim-de-semana, o Dorian era um furacão de categoria 5. Foi perdendo força até se tornar num furacão de categoria 2, mas na última quarta-feira voltou à categoria 3: nesta quinta-feira, o seu vento máximo sustentado passou de 165 para 185 quilómetros por hora e está a dirigir-se para norte. As previsões apontam para que perca força entre quinta e sexta-feira, de acordo com a NHC.

Até agora ainda não há relatos de mortes ou estragos nos EUA, mas mais de dois milhões de pessoas na Florida, Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte receberam ordens para sair dos locais próximos da costa, por onde Dorian deve passar. Só no estado da Carolina do Sul mais de 1500 pessoas procuraram os 28 abrigos disponíveis. A chuva já começou na quarta-feira à noite no porto de Charleston, localizado numa península propícia a inundações, descreve a Associated Press.