Incêndio na Penha de França fez cinco feridos ligeiros
Operacionais tentaram impedir que incêndio, que deflagrou na freguesia da Penha de França, atingisse habitações.
Um incêndio de “considerável dimensão” deflagrou esta quinta-feira em Lisboa, entre as torres do Alto da Eira, na Avenida General Roçadas, e a Avenida Mouzinho de Albuquerque, nas freguesias de São Vicente e Penha de França. Para o local chegaram a ser mobilizados 130 operacionais, apoiados por 40 veículos e um helicóptero. O fogo entrou em fase de resolução por volta das 15h30, cerca de três horas depois de ter sido dado o primeiro alerta.
Segundo avança a TSF, que cita o tenente-coronel Tiago Dias, comandante dos Sapadores de Lisboa, o fogo fez cinco feridos ligeiros, quatro civis e um bombeiro, devido a inalação de fumos. De acordo com a rádio, algumas habitações junto ao foco de incêndio chegaram a ficar danificadas, não tendo agora “condições de habitabilidade”, problema que deverá ser resolvido pela Protecção Civil e pelas juntas de freguesia que vão avaliar a situação de possíveis desalojados.
O tipo de terreno, uma encosta, e a existência de vento dificultaram o combate dos bombeiros às chamas. O alerta para o incêndio foi dado por volta das 12h.
A presidente da Junta de Freguesia de São Vicente, Natalina Moura, disse à Lusa que o incêndio teve origem perto de um supermercado na Penha de França, quando “alguém se lembrou de fazer uma pequena fogueira e rapidamente se transformou num inferno”. A responsável adiantou ainda que mandou já limpar um canavial existente junto a uma instituição particular de solidariedade social “de forma preventiva”.
Os pais das crianças da creche e infantário da Associação da Penha de França foram alertados para o incêndio, tendo-lhes sido recomendado que fossem buscar os filhos. Ao PÚBLICO, a directora técnica da creche e infantário, Sónia Costa, disse que, nalguns casos, foram até os pais que “ligaram primeiro, quando viram a notícia”. Os restantes acabaram por ser contactados “apenas por precaução”. A directora assegurou que nunca houve grande perigo e que o processo foi “tranquilo”.
Um terreno por limpar e à espera de ser ocupado
Já depois do rescaldo, perto de onde ainda se elevavam colunas de fumo, concentravam-se alguns grupos de jovens e idosos comentando o ocorrido. Sem hesitar, estes moradores das freguesias de São Vicente e Penha de França apontaram o dedo à falta de limpeza da mata e ao eternizado abandono do terreno.
Alfredo Santos, nascido, criado e actual morador na Penha de França, apenas se lembra da mata como ela é: abandonada. O Vale de Santo António é um terreno maioritariamente municipal e há anos que aguarda definições sobre o seu futuro falando-se agora em habitações no âmbito do Plano de Renda Acessível. Segundo este residente, “há 15 anos” que dizem que as coisas vão mudar para tudo permanece igual.
Rosa Fernandes, moradora no Alto da Eira, viu o fogo a evoluir rapidamente “passados 20 minutos”. E não poupou nas críticas: “ninguém limpa” o terreno, “ninguém faz nada” pela zona. “Iam fazer biblioteca, casas de rendas sociais, e nunca fizeram nada”, acrescentou.
Ao longo da mata vêem-se umas quantas barracas – pequenas oficinas – e hortas. Devido a diversos produtos inflamáveis, as oficinas são “altamente perigosas”, adiantou um bombeiro ao PÚBLICO no local.
Tanto Alfredo Santos como Rosa Soares afirmaram que este não é o primeiro incêndio na zona. Esta informação foi também confirmada pelo bombeiro, que fala em diversas situações nos últimos anos.
"Labaredas que assustavam um santo"
A presidente da Junta de Freguesia de São Vicente assegurou que “não se trata agora de saber que territórios arderam, mas sim salvaguardar pessoas e bens”. “Vi labaredas que assustavam um santo. Tive um receio brutal com a bomba de gasolina que há na freguesia. O vento mudou de direcção por duas vezes e o fogo chegou ao Vale da Eira. Descansei quando soube que tinha sido evacuada a escola básica Rosa Lobato Faria”, explicou à Lusa.
Segundo a autarca da freguesia, onde o foco de incêndio foi inicialmente detectado, as fagulhas chegaram até à freguesia da Graça e a “mudança repentina dos ventos levou o fogo a algumas barracas perto da Calçada dos Barbadinhos e da Quinta do Gusmão, uma zona que se encontra muito abandonada”.
Natalina Moura rejeita que a autarquia não tenha feito a limpeza dos espaços com mato na freguesia: “Ainda na semana passada tínhamos mandado limpar tudo o que era da nossa responsabilidade e o que por lei se pode fazer, já que, devido ao grau de inclinação dos terrenos, há zonas que não se conseguem limpar.” “O que a junta limpa era o que a junta podia limpar. Não há equipamentos, nem homens para limpar numa determinada inclinação”, insistiu.
Notícia actualizada às 19h07