Delegação portuguesa visita CERN para reforçar parcerias
Físico português Gaspar Barreira, que morreu em Junho, foi homenageado durante visita ao Laboratório Europeu de Física de Partículas, em Genebra.
Uma delegação de mais de 50 pessoas, incluindo empresários, engenheiros e cientistas, terminou uma visita de dois dias ao Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), na Suíça, para reforçar a participação de Portugal em novos projectos. Até porque continuam as obras para melhor o desempenho do grande acelerador de partículas deste laboratório, o LHC, e fala-se da construção do seu sucessor.
A visita, que incluiu reuniões de trabalho, terminou esta quarta-feira com a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, e do secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.
Em declarações à agência Lusa, o ministro disse que a visita visou “despertar o interesse” de empresários, engenheiros e cientistas portugueses para “futuras obras e projectos de grande envergadura” que se avizinham na próxima década no CERN, como a alta luminosidade do acelerador de partículas subatómicas LHC e o novo acelerador de partículas, que irá substituir o LHC.
Segundo Manuel Heitor, há neste cenário a “perspectiva de expandir” a colaboração de Portugal, nomeadamente em projectos de construção e fornecimento de equipamentos, assim como científicos e tecnológicos, com concursos a encerrar em 2020 e 2021.
No CERN trabalham mais de uma centena de portugueses, entre engenheiros, técnicos e cientistas, de acordo com o ministro. Durante a visita de dois dias, a delegação portuguesa, que inclui ainda dirigentes da Fundação para a Ciência e da Tecnologia e a Agência Nacional de Inovação, teve a oportunidade de ver o maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, que entrou em Dezembro numa nova paragem técnica, que se prolonga até à Primavera de 2021. Nessa altura, a máquina voltará a fazer colisões entre protões, a uma energia ligeiramente superior à actual, potenciando a descoberta de novos fenómenos físicos, depois de concluídos os trabalhos de beneficiação em curso.
Ao mesmo tempo que decorre esta paragem técnica, continuam as obras de construção civil iniciadas em Junho de 2018 e que visam melhorar o desempenho do acelerador a partir de 2026, altura em que a máquina começará a produzir mais colisões e mais dados, no modo de alta de luminosidade.
Virá aí um novo acelerador de partículas?
No acelerador – um túnel circular de 27 quilómetros, a 100 metros de profundidade, que atravessa a fronteira franco-suíça – são geradas colisões de protões (que são hadrões) e iões pesados a altas energias para se compreender melhor a composição do Universo.
A máquina, que está a completar 11 anos, tem uma “esperança de vida” até 2040. Em 2025, decisões terão de ser tomadas quanto à construção de um novo acelerador de partículas, para o qual se desenham duas soluções possíveis.
Uma sugere um acelerador circular de 100 quilómetros (mais 73 quilómetros do que o perímetro do LHC) que poderá fazer colisões de protões a uma energia oito vezes mais elevada do que a do LHC e entre electrões e positrões (antipartículas dos electrões).
O segundo cenário aponta para a construção de um acelerador rectilíneo com o comprimento inicial de 11 quilómetros (podendo chegar no final aos 50 quilómetros) para fazer colisões de electrões e positrões.
O acelerador LHC permitiu confirmar importantes descobertas como, em 2012, o bosão de Higgs, partícula elementar que explica como as outras partículas adquirem a sua massa.
A visita da delegação portuguesa ao CERN terminou com uma homenagem ao ex-presidente do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) e ex-membro do conselho geral do CERN Gaspar Barreira, que morreu em Junho, aos 79 anos. O físico português foi um dos principais promotores da actividade de Portugal no CERN, laboratório a que o país aderiu em 1986.