Satélite mostra parte da Grande Bahama alagada. O Dorian parou no arquipélago
Uma imagem de satélite ajuda a traçar o antes e o depois da passagem do furacão: uma parte considerável da ilha está alagada, incluindo o aeroporto internacional.
Já é possível ver o impacto da passagem do furacão Dorian pela ilha da Grande Bahama, a norte do arquipélago, graças às imagens de satélite captadas pela empresa finlandesa Iceye: uma parte considerável da ilha está alagada, incluindo a zona de aeroporto internacional. O furacão Dorian está neste momento “estacionário” ao largo do arquipélago. Nas últimas 24 horas moveu-se apenas 20 quilómetros.
A imagem da Iceye, partilhada pela BBC e pelo jornalista da CNN Jake Tapper, mostra a zona da ilha que ainda está acima do nível da água – a preto – e toda a zona que ficou inundada depois da passagem do Dorian – a azul. A linha amarela ajuda a traçar o antes e o depois da passagem do furacão, que fez cinco mortos ao passar pela ilha de Abaco (uma das mais fustigadas pela tempestade) e deixou milhares de pessoas desalojadas.
Em resposta ao PÚBLICO, o responsável de comunicação da Iceye, Mikko Keränen, esclareceu que a imagem foi captada na segunda-feira, pelas 11h44 locais (16h44 em Portugal continental), com recurso a um satélite radar, que consegue registar imagens “através das nuvens” e “funciona independentemente de ser dia ou noite” – a tecnologia SAR (Synthetic-aperture Radar). Ao contrário dos satélites ópticos, que funcionam mais como uma câmara, o dispositivo radar usado pela empresa finlandesa consegue captar imagens do território das Bahamas através da tempestade.
A empresa esclarece ainda que está a monitorizar o furacão Dorian com o objectivo de “partilhar dados para [ajudar na] resposta à catástrofe” e para acrescentar “visibilidade adicional à tragédia em curso”. Neste momento não há mais imagens – nem da ilha Grande Bahama nem da ilha Abaco.
De acordo com os testemunhos publicados nas redes sociais e citados pelo jornal francês Le Figaro, a água está ao nível dos telhados das casas em várias zonas. Os ventos, com velocidade superior a 300 quilómetros por hora, destruíram pelo menos 13 mil casas em várias ilhas, deixando um forte rasto de destruição.
Furacão “estacionário” há 24 horas
O furacão está, nesta terça-feira, estacionário ao largo da ilha de Grande Bahama, onde vivem cerca de 50 mil pessoas, e passou a ser um furacão de categoria 3 na escala de Saffir-Simpson, que mede a velocidade do vento. Quando atingiu o arquipélago das Bahamas, no domingo, era um furacão de categoria 5 (a mais alta da escala) e apresentava ventos de 297 quilómetros por hora.
Nos últimos dias, tem vindo a perder velocidade, detalha a BBC: desde domingo que abrandou e nas últimas 24 horas moveu-se apenas 20 quilómetros. Por essa razão, o Dorian foi dado como “estacionário”.
De acordo com alguns meteorologistas ouvidos pela Associated Press, o furacão está “estacionário” porque a “atmosfera está demasiado calma": os ventos “poderosos” que costumam ditar a direcção de um furacão não estão a soprar e por isso o Dorian também não se move.
Outro factor: a “batalha” entre pressões atmosféricas altas e baixas tem impedido o furacão de se mover. O anticiclone do Atlântico (o dos Açores) está a servir de “muro” e a impedir a progressão do Dorian para norte. No entanto, um sistema de pressão atmosférica baixa vindo do Centro-Oeste norte-americano está a desgastar o sistema de altas pressões. Esses dois sistemas estão a tentar “lutar e nenhum deles está a ganhar”, resumiu Jeff Masters, director de meteorologia na Weather Underground.
O que se segue
Apesar de ter sido “despromovido” a um furacão de nível 3, os ventos continuam fortes, rondando os 205 quilómetros por hora e trazendo consigo mais entre 3.6 e 5.4 milímetros de chuva do que o normal – pelo que as autoridades continuam a aconselhar os moradores a procurarem abrigo.
De acordo com o Serviço Nacional de Furacões norte-americano, o olho do Dorian vai manter-se ao largo das Bahamas ao longo do dia, mas vai “movimentar-se perigosamente para a costa este da Florida” nesta terça-feira, podendo alcançar a Carolina do Norte no fim de quarta-feira.
Nos últimos dias, e face à iminência da passagem do furacão, a Florida, a Georgia, a Carolina do Sul e a Carolina do Norte declararam estados de emergência e evacuações obrigatórias.