Identificadas fontes da poluição que afectou praias da Zambujeira do Mar e Alteirinhos
Apesar de a bandeira azul não ter voltado a ser içada, Agência Portuguesa do Ambiente não desaconselha a ida a banhos, excepto nas zonas onde desaguam duas linhas de água poluídas.
A carga poluente que contamina as linhas de água nas praias da Zambujeira do Mar e dos Alteirinhos, tem origem nos “efluentes domésticos provenientes de instalações sociais agrícolas” localizados no concelho de Odemira, adiantou ao PÚBLICO a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Esta entidade refere ainda que os locais em infracção “estão identificados e controlados”. No entanto, a contaminação fecal continua a ser debitada para as linhas de água que atravessam as duas zonas balneares, desde o dia 27 de Julho, quando o problema foi identificado numa “escorrência superficial na escarpa da arriba da praia dos Alteirinhos”.
Após a identificação da origem da descarga poluente, a APA refere que foram, “de imediato, implementadas medidas de contenção da contaminação” e semanalmente passaram a ser recolhidas amostras da água do mar que têm mantido a classificação “excelente”. Por esta razão, observa a APA, “não foi determinado o desaconselhamento desta água de banhos”, dado que a situação anómala detectada na escorrência superficial” não afecta directamente a água de banhos na zona balnear oficial”, mas apenas a poça formada no areal pela água proveniente da crista da arriba.
Como medida de precaução a APA colocou uma placa a desaconselhar a prática de banho, precaução que não está a ser seguida por alguns veraneantes, nomeadamente crianças e jovens. Reagindo a esta última questão, a APA frisa que “não é suposto existir uso balnear fora das zonas balneares identificadas nos perfis de praia que estão afixados nos locais e constam de informação disponibilizada pela APA”. E acrescenta que “foram colocados avisos no terreno em português e inglês, alertando para a não utilização para banhos nos locais assinalados.”
Situação semelhante foi identificada na Praia da Zambujeira do Mar, neste caso na linha de água que desagua no areal. Também nesta praia “não foi considerado o desaconselhamento da utilização da água de banhos, dado que os resultados da monitorização da água do mar (na zona de banhos oficial) se têm revelado sempre dentro dos limites legais” acentua a APA. Mesmo assim, as circunstâncias impuseram que também fosse colocada uma placa informativa nas proximidades da ribeira que atravessa o areal da Zambujeira do Mar, para evitar que a mesma seja utilizada para banhos. As análises efectuadas ao caudal da linha de água detectaram coliformes fecais.
Também neste caso foi identificada uma possível origem da contaminação, que a APA diz não estar associada a um eventual mau funcionamento da ETAR da Zambujeira do Mar. Reconhece, contudo, que os focos poluentes poderão, também, estar associados à “significativa afluência de utentes desta zona, no período em causa, acrescendo aos habituais frequentadores das praias”, estando implícito nesta explicação, a carga orgânica proveniente do festival MEO Sudoeste que este ano se realizou entre os dias 6 e 10 de Agosto.
Os focos poluentes que a APA afirma terem proveniência doméstica, fazendo referência a “instalações sociais agrícolas”, ou seja: locais onde se concentra um número crescente de trabalhadores emigrantes que estão alojados em contentores sem qualquer sistema de tratamento das águas residuais que produzem. Não foi avançada uma data para que as bandeiras azuis que foram arriadas há quase três semanas, voltem de novo a ser hasteadas nas praias da Zambujeira do Mar e dos Alteirinhos.