FC Porto não lidou bem com o kit de sobrevivência do Vitória

“Dragões” venceram um adversário que fez todo o jogo em inferioridade numérica, mas estiveram longe da qualidade exibida no clássico.

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Marega a celebrar no Dragão LUSA/FERNANDO VELUDO

Onze contra dez. E depois 11 contra nove. Foi assim o FC Porto-V. Guimarães, na sequência da expulsão mais rápida do campeonato. Tapsoba cometeu falta sobre Marega quando o maliano arrancava para a baliza, foi expulso aos 45 segundos (!) e trocou as voltas a Ivo Vieira, que ficará sem saber se o plano estratégico que tinha inicialmente reservado para o embate no Estádio do Dragão foi o acertado. No final, imperou a lógica e os “azuis e brancos” ganharam (3-0) para morderem os calcanhares ao surpreendente Famalicão no topo da classificação da Liga. 

Antes de concluído o minuto inicial da partida, o Vitória já era obrigado a mexer. Saiu Pêpê, um médio de perfil mais defensivo, e entrou Pedro Henrique, um central que ajudou a recompor a equipa num 4x1x4. Foi o primeiro contratempo dos visitantes. O segundo foi o golo de Marega, que aos 14’ aproveitou da melhor forma um erro de posicionamento de Bondarenko (e o carrinho despropositado que se seguiu): dominou na área e concluiu por baixo do corpo de Miguel Silva.

Foi uma entrada em cena dantesca para o Vitória, que, ainda assim, manteve a organização, a circulação de bola e colocou Rochinha na cara de Marchesín, aos 18’ - de pé esquerdo, o médio português rematou à figura do argentino. Mas as contrariedades ainda não tinham terminado e a lesão de Al Musrati, médio muito influente na dinâmica da equipa, forçou nova alteração (entrou João Carlos Teixeira).

Do lado do FC Porto, também houve reveses para contornar. A lesão de Pepe (entrou Mbemba no final da primeira parte) e a incapacidade para entrar no bloco do adversário, algo que em parte se explica pela baixa intensidade com que circulava a bola e pela dificuldade em introduzir passes verticais, que rompessem a primeira linha de um rival que se reagrupava rapidamente. 

A reentrada em cena, depois do intervalo, não trouxe nada de novo.Corona continuava a monopolizar as acções atacantes pelo corredor direito, porque Romário Baró é um terceiro médio e não um extremo, mas raramente os “azuis e brancos” conseguiram explorar a profundidade. E os cruzamentos saídos das laterais acabavam por ser presa fácil para Bondarenko e Pedro Henrique.

Resistente e incansável, o Vitória só caiu por terra aos 79’, quando Davidson foi expulso por protestar contra uma decisão de Carlos Xistra. Já com Otávio em campo, o FC Porto ganhou outro critério quando chegava a zonas de criação e tirou partido da quebra inevitável dos minhotos, que já só tentavam sobreviver. 

O 2-0 chegou, então, mas não sem que fosse necessário recorrer às imagens. Miguel Silva defendeu para a frente um remate de fora da área, num lance em que Soares estava em posição irregular. A dúvida prendia-se com a interferência que o brasileiro podia ter tido na acção do guarda-redes, mas o golo foi mesmo validado. O autor? Iván Marcano, que antes já tinha estado perto de marcar em duas ocasiões, mas de cabeça.

Com o Vitória à espera do apito final, o FC Porto aproveitou o espaço entre linhas e, com a clarividência de Otávio, isolou Marega, que conseguiu bisar sem dificuldades. Um passe cirúrgico no último terço, uma raridade entre os “dragões” antes da entrada em campo do brasileiro.

O Vitória ainda testou os reflexos de Marchesín, no tempo de compensação, mas perdeu mesmo pela primeira vez nesta época. Perdeu um jogo, é certo, mas tem muito de que se orgulhar pelo que fez frente a um FC Porto que, utilizando o mesmo “onze” com que subjugou o Benfica no clássico, mostrou uma versão bem mais pobre do que realmente vale.

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