Rui Rio: é “intolerável” pedido de dissolução de sindicato. “Nem antes do 25 de Abril era assim”
O presidente do PSD critica o pedido de dissolução do sindicato de motoristas de matérias perigosas. “É muito difícil as pessoas olharem para este procedimento e não acharem que há uma intenção política.”
O presidente do PSD, Rui Rio, considera “intolerável” a forma como o Ministério Público conduziu o pedido de dissolução do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
“É intolerável em democracia e penso que é muito difícil as pessoas olharem para este procedimento e não acharem que há uma intenção política”, afirmou Rui Rio, esta quinta-feira, à margem de uma vista à feira agrícola AgroSemana, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto,
O Ministério Público (MP) pediu a dissolução do SNMMP numa acção que deu entrada este mês junto do Tribunal do Trabalho de Lisboa. O MP sustenta haver “desconformidades” na constituição e nos estatutos do SNMMP (devido à participação do advogado, não motorista, Pedro Pardal Henriques na assembleia constituinte do sindicato), razão pela qual pediu a sua extinção.
O líder dos social-democratas não escondeu “preocupação” pelos pressupostos do processo. “Se há alguma irregularidade nos estatutos do sindicato, já devia ter sido detectada na altura da sua fundação, mas se não o foi e existe deve ser notificado para eliminar a suposta irregularidade. O que aconteceu é que não detectaram, nem notificaram. Acho que nem antes do 25 de Abril era assim”, apontou Rui Rio.
O presidente do PSD lembrou que “no decorrer da última greve [dos motoristas de matérias perigosas] o Ministério Público deixou cair que andava a investigar o assessor jurídico do sindicato, mas agora não fez por menos e pediu a dissolução”. “Admito que o Governo português fique contente com isto, porque temos visto que tem uma grande tendência para se colocar junto do sector patronal”, afirmou Rui Rio.
O SNMMP, que cumpriu mais uma paralisação este mês, entregou um novo pré-aviso de greve para o período compreendido entre os dias 7 e 22 de Setembro, desta vez ao trabalho extraordinário e aos fins-de-semana.
Preocupação com envelhecimento dos agricultores
No âmbito da visita à AgroSemana, o dirigente do PSD mostrou, também, preocupação com a falta de rejuvenescimento do sector agrícola nacional, considerando que este é um tema que deve unir os partidos.
“A agricultura é fundamental na nossa economia, mas a maior crise que atravessa prende-se com o seu futuro, porque a composição dos empresários do sector tem uma média de idade de 65 anos e só 4% por cento tem menos de 40 anos”, alertou.
Rui Rio disse ser “vital rejuvenescer o tecido empresarial na agricultura e evitar a ameaça deste definhar e não ter futuro dentro de 20 anos”, apelando para criação de políticas para atrair jovens para o sector”.