“Os Verdes” dizem-se a única “formiguinha” ecológica do Parlamento
Para Heloísa Apolónia, os temas do ambiente estão na moda, mas o PEV já lhes dava atenção há muito tempo.
A líder parlamentar de Os Verdes (PEV), Heloísa Apolónia, define a sua bancada na Assembleia da República como sendo a do único partido ecologista presente, com um “trabalho de formiguinha”, desvalorizando um eventual crescimento do concorrente Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
Em entrevista à agência Lusa, a deputada estipulou o objectivo de ganhar mais lugares no Parlamento e justificou o facto de o PEV ter concorrido desde sempre (1987) na Coligação Democrática Unitária, com o PCP, com o balanço, “até à data, positivo”, em virtude de assim se alargar a base de apoio, com muitos cidadãos independentes, mesmo que seja “perfeitamente normal” que os dois partidos tenham algumas “posições e interpretações próprias em várias questões e face a propostas concretas”.
“Não é obstáculo nenhum [o PAN]. Acho que a comunicação social é um factor de peso para a passagem da mensagem. Há-de convir, se acompanhou os trabalhos parlamentares, que houve uma diferenciação relativamente a várias forças políticas naquela que foi a tradução da sua mensagem política. Não considero que seja um obstáculo”, disse sobre o aumento de votação do PAN nas recentes eleições europeias e crescimento nas sondagens, frisando o tratamento diferenciado da comunicação social “em relação a várias forças políticas”, sem especificar se se referia também ao BE.
A cerca de um mês das eleições legislativas, Heloísa Apolónia classificou “Os Verdes” como a única força política com preocupações realmente ambientalistas em São Bento quando questionada sobre a aparente ausência de ganhos eleitorais, mesmo com o domínio crescente da agenda mediática pelos problemas ambientais e as alterações climáticas, e confrontada com a possibilidade de o PEV não estar autonomizado do PCP ser uma “oportunidade perdida” para ganhar esse nicho de votos.
“Não tenho dúvidas sobre isso. É o partido ecologista do Parlamento. Considero que sim [o único]”, atestou.
Contudo, segundo a parlamentar ecologista, “a comunicação social não tem dado eco da voz e esfera de intervenção e acção de “Os Verdes”, relativamente a matérias ambientais, muitas vezes secundarizadas”, mas que, agora, parecem “estar mais na moda”.
“Todos temos sempre espaço para melhorar também a nossa própria comunicação, mas Os Verdes promovem, por exemplo, aquilo que poderia talvez designar por trabalho de formiguinha. O exercício do nosso trabalho parlamentar é muito virado para os problemas do território e das pessoas em concreto. Fazemos muito trabalho com grupos de cidadãos ou até individuais que nos vêm denunciar algumas matérias, designadamente de poluição ou outras. E nós vamos ao local, vamos verificar para, depois, de forma conhecedora, possamos trazer mais em concreto ao parlamento”, afirmou.
Heloísa Apolónia descreveu desta forma aquela que considera ser “a maior emoção do trabalho parlamentar”, mas, “de facto, um trabalho muito de formiguinha”.
“Não somos um projecto que trabalhe para alimentar a comunicação social - não é contradição nenhuma com o que disse anteriormente. Não andamos permanentemente à procura de máscaras para encantar a comunicação social. Fazemos um trabalho muito de formiguinha, de terreno, muito concreto - é assim que sabemos trabalhar -, em ligação com o território e as populações”, concluiu.