António Costa e Carlos Moedas trocam elogios: “Foi uma relação impecável”
À saída da reunião com o primeiro-ministro, o ainda comissário europeu diz que o seu legado é deixar Portugal com mil milhões para a ciência.
Foi uma relação “impecável”, “acima dos partidos” e “em prol de Portugal”. António Costa e Carlos Moedas fizeram questão de o vir dizer perante as câmaras de televisão após um encontro na residência oficial do primeiro-ministro esta quinta-feira de manhã, em que o chefe do executivo recebeu o comissário europeu cessante e a sua sucessora, Elisa Ferreira.
“Foi uma experiência muito enriquecedora para mim, o país deve-lhe muito. Carlos Moedas foi um incansável defensor dos portugueses e de Portugal em todas as circunstâncias”, sublinhou António Costa, na mensagem de agradecimento que quis tornar pública, ao vivo e a cores. “Um dia que escreva as suas memórias poderá contar o que hoje ainda não podemos contar, mas em todas as circunstâncias, e algumas muito difíceis dos últimos quatro anos, Carlos Moedas foi absolutamente essencial”, acrescentou.
Moedas, que foi indicado para a Comissão Europeia pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho depois de ter sido um dos principais negociadores do programa de ajuda financeira da troika a Portugal, agradeceu as palavras de António Costa e devolveu-lhe elogios. “Passamos momentos de grande dificuldade, mas sempre com uma lealdade extraordinária e confiança pessoal que agradeço. A nossa relação correu sempre tão bem, estava acima dos partidos, era Portugal”, disse.
Afinal, Moedas acabou por trabalhar mais tempo com Costa em São Bento do que com Passos Coelho: quatro dos cinco anos do cargo foram com o Governo socialista e apenas dois com o executivo liderado pelo PSD, o seu partido de sempre. Enquanto comissário para a Ciência e Inovação, mostrou-se satisfeito por ter conseguido duplicar a verba dos fundos de ciência para Portugal, de 500 milhões para mil milhões de euros. “É esse o meu legado”, sublinhou.
Agora, Carlos Moedas deverá regressar a Portugal, onde poderá ficar na reserva para, talvez um dia, vir a disputar a liderança do PSD. Em Julho, o Expresso noticiava que o comissário deveria ir para a administração de uma fundação, a Calouste Gukbenkian ou a Champalimaud, depois de ter recusado um convite para o World Economic Forum sediado em Genebra.