Assunção Cristas diz que despacho sobre identidade de género “é errado”
Líder do CDS diz que “o CDS não tem nenhuma crise”.
Assunção Cristas critica o Governo pelo despacho que estipula as medidas de protecção da identidade de género nas escolas, considerando o documento “errado” e “desajustado”, sem no entanto entrar em pormenores sobre o que está mal no conteúdo. Para a líder do CDS, que entregou esta segunda-feira à tarde as listas do partido às eleições legislativas de Outubro, “o CDS não tem nenhuma crise” neste momento.
Em declarações aos jornalistas, Assunção Cristas falou do despacho do Ministério da Educação que levou alguns centristas a criticarem de forma violenta o Governo e acabou por ser mais contida do que alguns deputados do CDS: “O despacho é errado e não faz sentido”, defendeu.
Para a centrista, o que se pede é que “todas as crianças tenham uma vida escolar com tranquilidade”, que haja “respeito por todas as pessoas e esse respeito faz-se resolvendo os assuntos que precisam ser resolvidos com as escolas, com as famílias” e não com um “despacho desajustado que não resolve nenhum problema e gera confusão”, respondeu Assunção Cristas, agora regressada de férias. “O Governo lidou com este assunto da pior maneira possível”, acrescentou.
À saída do tribunal, para a entrega da lista de candidatos ao círculo de Lisboa nas eleições legislativas de Outubro, Assunção Cristas aproveitou ainda para criticar “alguma esquerda” que “não suporta a diversidade de opiniões"e “que haja partidos que pensam de modo diferente”.
Em resposta sobre a situação do partido, Cristas negou que haja qualquer problema com o CDS. “O CDS não tem nenhuma crise, estamos a trabalhar há muito tempo para ter um programa eleitoral”, disse.
Na semana passada, a Juventude Popular, a estrutura dos jovens do CDS, anunciou que iria interpor uma acção judicial contra a aplicação das normas previstas no despacho se este não fosse suspenso – o que não aconteceu. Também Rui Rio falou sobre o tema escrevendo no Twitter que o Governo tinha agido com “leviandade”.
O Governo tem defendido o documento que regulamenta a legislação da identidade de género. António Costa acusou a Juventude Popular na sexta-feira de ter uma “ideologia da desigualdade” e Rui Rio de “não ter lido o despacho porque se tivesse lido não dizia aquilo que diz”. Além do primeiro-ministro, também a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que tutela a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, co-autora do despacho, defendeu a regulamentação a aplicar nas escolas num artigo de opinião no PÚBLICO. Para a ministra, tem havido desinformação sobre o tema: “Não se trata de ideologia, mas de humanidade”.