Bloco de Esquerda responde a Costa acusando-o de arrogância e desrespeito
Eurodeputada eleita pelo Bloco de Esquerda comentou a entrevista do primeiro-ministro ao Expresso, publicada este sábado. Horas antes, também Catarina Martins, líder do partido, avisou que o “desejo de uma maioria absoluta pode levar à arrogância”.
A eurodeputada Marisa Matias reagiu, este sábado, no Twitter, à entrevista de António Costa ao semanário Expresso. A bloquista criticou o teor das declarações feitas pelo primeiro-ministro sobre o Bloco de Esquerda, nas quais afirmou que “um PS fraco e um BE forte” teria como consequência “a ingovernabilidade”.
“Nestes quatro anos, enquanto precisou de parceiros para ser Governo, António Costa nunca fez caricaturas de mau gosto. Agora parece que vale tudo para tentar maiorias absolutas”, escreveu Marisa Matias na sua publicação nesta rede social.
Numa entrevista ao Expresso, António Costa traça diferenças entre o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, afirmando que o primeiro é um “verdadeiro partido de massas”, enquanto considera o segundo “um partido de mass media”.
As palavras do primeiro-ministro também não agradaram a Catarina Martins, que em declarações ao jornal económico ECO resumiu a entrevista do líder socialista: “O desejo de uma maioria absoluta pode levar à arrogância e à tentação de fazer caricaturas”. A líder bloquista foi peremptória: “os partidos políticos ganham em respeitar-se”.
Ao contrário do que António Costa deixou implícito — de que o Bloco de Esquerda poderá ser uma eventual fonte de instabilidade —, Catarina Martins quis passar a ideia oposta: “O Bloco é um factor de estabilidade e segurança na vida das pessoas, no seu salário e na garantia de que se pode viver melhor. Creio que ninguém duvida disso”.
A coordenadora do BE também fez questão de deixar clara a diferença entre o seu próprio discurso e as declarações de António Costa. “Prefiro a humildade de reconhecer o caminho que fizemos e discutir as diferenças que apresentamos para o país”, disparou.
No programa eleitoral do Bloco de Esquerda — apresentado neste sábado — o partido insiste em afastar-se das políticas defendidas pelo PS e apresenta-se como o partido que "quer e pode impedir uma maioria absoluta”.