Emigração brasileira a caminho de valor recorde
Nos primeiros seis meses do ano saiu do Brasil quase tanta gente como em todo o ano de 2018. Desde 2014 que se vêm superando os números do ano anterior.
A emigração brasileira está a aumentar todos os anos desde 2014 e nos primeiros seis meses deste ano a Receita Federal do Brasil recebeu 21.873 declarações de saída definitiva de cidadãos brasileiros do país. Um número que é quase tanto (23.149) como os que deixaram o Brasil em todo o ano de 2018. A este ritmo, estes 12 meses poderão terminar com uma duplicação de saídas em relação ao ano passado.
De acordo com os dados divulgados pelo Estado de Minas, desde 2014, em que se registaram 12.520 entregas de declaração similares, que os números da emigração têm vindo em crescendo: 14.920 em 2015, 21.040 em 2016, 22.943 em 2017 e 23.149 em 2018.
Crise no mercado de trabalho (12% de desemprego no segundo trimestre) e letargia da actividade económica são as razões para que tanta gente desista do país e entregue a declaração de saída definitiva, que, como o seu próprio nome indica, é exigida pela autoridade tributária quando pessoa deixa o país definitivamente ou passa à condição de não residente no país.
As estatísticas do segundo trimestre divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgadas recentemente, mostram que o desemprego e o subemprego estão a transformar-se em condição permanente para uma parte da população brasileira: 3,3 milhões de pessoas, ou 26,2% dos desempregados, estão à procura de emprego há pelo menos dois anos.
Ao contrário de outros períodos de grande emigração no Brasil, desta vez não são os mais pobres a engrossar a leva dos que partem. Estudos mostram que desta vez, o grosso tem maior escolaridade e melhor nível socioeconómico. Até há quem fale em “fuga de cérebros”, pessoas especializadas, formadas em universidades brasileiras que vão para estrangeiro em busca de melhores e mais bem remuneradas oportunidades.