Tanto Herman Melville além de Moby Dick

“Ah, a humanidade!” A última frase de Bartleby, O Escrivão não é novidade, mas pode resumir toda a perplexidade de uma obra que soube ler o futuro a partir do momento em que foi escrita. É também o desabafo do leitor contemporâneo perante o que escreveu o autor de Moby Dick num volume que reúne a ficção curta de Herman Melville. Herman Melville, Ficção Curta Completa traz 21 textos, clássicos e inéditos em português.

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ullstein bild Dtl.

Há uma expressão no final do conto A Piazza que pode condensar o pensamento de Herman Melville: “a verdade chega com a escuridão.” É uma expressão ambígua, mas coerente no caso de Melville. O poeta modernista Hart Crane chamou ao escritor americano uma “sombra fabulosa” talvez porque ler Melville não é esperar aceder a um mundo de luz. Aventureiro, explorou as possibilidades da imaginação e aplicou a experiência de viajante – foi marinheiro nos mares do Sul à de leitor e intérprete do seu tempo através da escrita de poemas, contos, novelas e romances. O expoente máximo dessa produção foi Moby Dick, por muitos considerado o grande épico americano. Mas o escritor nascido há 200 anos em Nova Iorque deixou uma obra muito diversa no estilo, na temática, no género, tornando-o um dos autores mais inconformados com as possibilidades da literatura enquanto modo de apreender o mundo, característica que fez dele um experimentalista.

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